quinta-feira, 29 de novembro de 2012

SE SENTINDO DEPRIMIDO? VOCÊ PODE MELHORAR COM UM TELEFONEMA

Embora o título desse artigo não seja nada surpreendente, a moral por trás da história é outra: pesquisadores descobriram que resolver os problemas ou fazer terapia por telefone é tão eficaz quanto cara a cara.

Um estudo da Universidade de Cambridge (Reino Unido) analisou os resultados de terapias cognitivas, que envolvem a conversa para ajudar os pacientes, em 5.500 pessoas.

Cerca de metade dos pacientes compareceu a reuniões com um conselheiro, enquanto a outra metade fez terapia por telefone.

A abordagem utilizada por todos os conselheiros no estudo (ao vivo ou via telefone) foi a terapia cognitivo-comportamental (TCC), em que os pacientes são treinados para ver as conversas e eventos diários em uma luz mais positiva.

Segundo os pesquisadores, os dois métodos foram igualmente eficazes, com exceção de um pequeno grupo de pessoas com problemas mais graves.

Isso sugere que, quando as pessoas estão se sentindo para baixo, se não puderem obter o apoio de amigos, familiares ou médicos ao vivo, falar sobre o problema pelo telefone com um confidente pode dar um impulso semelhante à terapia cara a cara.

Além disso, esse tipo de terapia pode ser mais barato. Em cálculos do Reino Unido, uma sessão telefônica custa 79 libras esterlinas (cerca de R$ 248), comparado a 119 libras esterlinas (cerca de R$ 390) de uma consulta cara a cara.

Também já existe terapia por celular ao custo de US$ 0,99 (cerca de R$ 2,00): são aplicativos com conceitos de terapia cognitivo-comportamental (TCC) em smartphones, que, como a internet e o telefone, podem ser um complemento para o processo terapêutico.

Não é a primeira vez que esse assunto é estudado. Em 2004, a Associação Médica dos Estados Unidos revelou em artigo que as conversas telefônicas, além de permitirem contato entre pessoas em diferentes localidades, podem facilitar a abordagem de assuntos que as pessoas não conversariam pessoalmente por constrangimento.

Psiquiatras do Centro de Estudos da Saúde e do Grupo Cooperativos para a Saúde em Seattle (EUA) até sugeriram que a psicoterapia telefônica deveria complementar o tratamento da depressão de forma padrão, pois melhora muito os resultados finais.

No estudo de Seattle, feito com 600 pacientes de depressão incluindo várias formas de tratamento, como medicação, consultas diretas e sessões telefônicas, a psicoterapia telefônica reduziu a depressão de maneira considerável: 80% dos pacientes achavam que estavam muito melhores depois das sessões, e 59% se disseram muito satisfeitos.

Especialistas argumentam que os sistemas de saúde deveriam incluir esse tipo de terapia nos seus serviços. Algumas ONGs, como a CVV, já prestam esse tipo de serviço de forma voluntária, atendendo ligações de pessoas que não estão se sentindo bem por qualquer motivo.

O que você acha? Os médicos deveriam começar a adotar terapia por telefone, ou o governo deveria disponibilizá-la?
Por Natasha Romanzoti


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O CÉREBRO HUMANO E O UNIVERSO CRESCEM DA MESMA MANEIRA

Um novo estudo da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA) afirmou que a estrutura do universo é bastante semelhante à estrutura e design de outras grandes redes complexas, como o cérebro humano e a internet.

A pesquisa sugere que alguma lei fundamental ainda desconhecida pode governar o crescimento de sistemas complexos (de grande e pequeno porte), como a descarga elétrica entre as células cerebrais, o crescimento das redes sociais e a expansão das galáxias.

Isso não quer dizer que cérebros e universos sigam algum tipo de “plano mestre” idêntico, apenas que as regras subjacentes às estruturas complexas podem ser entendidas de uma forma similar.

Dinâmicas de crescimento naturais são as mesmas para diferentes redes reais, como a internet ou as redes cerebrais”, explica o coautor do estudo Dmitri Krioukov, um físico da Universidade da Califórnia em San Diego. “A equivalência descoberta entre o crescimento do universo e das redes complexas sugere fortemente que leis inesperadamente semelhantes governam a dinâmica destes sistemas complexos diferentes”.

O próximo passo da pesquisa é tentar descobrir essa “regra universal” ou “sistema de leis” que controlam o crescimento e desenvolvimento desses sistemas, e tentar prever ou controlar o comportamento de redes complexas.

Simulando redes complexas
Os pesquisadores criaram uma simulação de computador que quebrou o universo primordial nas menores unidades possíveis – quanta (plural de quantum) de espaço-tempo mais minúsculos do que as partículas subatômicas.

A simulação associou qualquer quantum causalmente relacionado. Por exemplo, nada viaja mais rápido que a luz, por isso, se uma pessoa acerta uma bola de beisebol na Terra, os efeitos em cascata desse evento nunca poderiam alcançar um alienígena em uma galáxia distante em um período de tempo razoável, ou seja, essas duas regiões do espaço-tempo não são causalmente relacionadas.

Não é possível simular o “infinito”, de modo que, a título de comparação, os pesquisadores consideraram o universo como algo “enorme” – pelo menos 10 elevado a 250 átomos de espaço e tempo (um 1 seguido de 250 zeros).

Isso foi reduzido a um tamanho mais gerenciável e colocado em um supercomputador chamado Trestles. Trestles usou os dados para realizar simulações detalhadas da rede causal do universo.

O resultado é um gráfico que se parece muito com as visualizações que representam outras redes complexas, como a internet, redes sociais e redes biológicas.

Todas as redes se ampliaram de forma semelhante:através de ligações equilibradas entre vias semelhantes com as que já tinham muitas conexões. Por exemplo, um amante de gatos navegando na internet pode visitar megassites como o Google ou o Yahoo, mas também procurar sites mais extravagantes só sobre gatos ou vídeos sobre gatos no YouTube. Da mesma forma, células cerebrais próximas (vizinhas) gostam de se conectar, mas os neurônios também se vinculam a “células cerebrais ‘Google’”, que são conectadas a muitas outras células cerebrais.

Quem teria imaginado que o surgimento do espaço-tempo quadridimensional do nosso universo no vácuo quântico teria a ver com o crescimento da internet? A causalidade está no coração de ambos, por isso, talvez a semelhança seja esperada”, afirma Michael Norman, diretor do Centro de Supercomputador da Universidade da Califórnia em San Diego.

Essa semelhança estrutural é muito forte para ser uma coincidência, então provavelmente não é. Por conta disso, os pesquisadores teorizam que existem regras universais que regem essas redes, mas com alguns fatores limitantes – como a gravidade – que mudam seu tamanho e eventuais resultados
Por Natasha Romanzoti

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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

RUBEM ALVES - O que é científico?

Era uma vez um jovem que amava xadrez. Sua vocação era o xadrez. Jogar xadrez lhe dava grande prazer. Queria passar a vida jogando xadrez. Nada mais lhe interessava. Só lia livros de xadrez. Estudava as partidas dos grandes mestres. Só conversava sobre xadrez. Quando era apresentado a uma pessoa sua primeira pergunta era: Você joga xadrez? Se a pessoa dizia que não ele imediatamente se despedia. Tornou-se um grande mestre. Mas o seu sonho era ser campeão.
Derrotar o computador. Até mesmo quando andava jogava xadrez. Por vezes, aos pulos para frente. Outras vezes, passinhos na diagonal. De vez em quando, dois pulos para frente e um para o lado. As pessoas normais fugiam dele porque ele era um chato. Só falava sobre xadrez. Nada sabia sobre as coisas do mundo como pombas, beijos e sambas. Não conseguia ter namoradas porque seu único assunto era xadrez. Suas cartas de amor só falavam de bispos, torres e roques. Na verdade ele não queria namoradas.
Queria adversárias. Essas coisas como jogo de damas, jogos de baralho, jogo de peteca, jogo de namoro eram inexistentes no seu mundo. Inclusive, entrou para uma ordem religiosa. Eu viajei ao lado dele, de avião, de São Paulo para Belo Horizonte. Cabeça raspada.
Durante toda a viagem rezou o terço. Não prestei atenção mas suspeito que as contas do seu terço eram peões, cavalos e bispos. Sua metafísica era quadriculada. Deus é o rei. A rainha é nossa senhora. O adversário são as hostes do inferno.
As pessoas normais brincam com muitos jogos de linguagem: jogos de amor, jogos de poder, jogos de saber, jogos de prazer. jogos de fazer, jogos de brincar. Porque a vida não é uma coisa só. A vida é uma multidão de jogos acontecendo ao mesmo tempo, uns colidindo com os outros, das colisões surgindo faiscas. Uma cabeça ligada com a vida é um festival de jogos. E é isso que faz a inteligência. Mas o nosso heroi, coitado, era cabeça de um jogo só. Jogava o tal jogo de maneira fantástica. Especializou-se. Sabia tudo sobre o assunto. E, de fato, sabia tudo sobre o mundo do xadrez. Mas o preço que pagou é que perdeu tudo sobre o mundo da vida. Virou um computador ambulante, computador de um disquete só. Disquetes são linguagens. O corpo humano, muito mais inteligente que os computadores, é capaz de usar muitos disquetes ao mesmo tempo. Ele passa de um programa para outro sem pedir licença e sem pensar. Simplesmente pula, alta.
Inteligência é isso: a capacidade de pular de um programa para outro, de dançar muitas danças ao mesmo tempo. O humor se nutre desses pulos. O riso aparece no momento preciso em que a piada faz a inteligência pular de uma lógica para uma outra. Há a piada dos dois velhinhos que foram ao gerontologista que, depois de examiná-los, prescreveu uma dieta de comidas e remédios a ser seguida por duas semanas. Passadas as duas semanas, voltaram. O resultado deixou o médico estupefato. A velhinha estava linda: sorridente, saltitante, toda maquiada. O velhinho, um caco, trêmulo, pernas bambas, dentadura frouxa, apoiado na mulher. Como explicar isso, que uma mesma receita tivesse produzido resultados tão diferentes? Depois de muito investigar o médico atinou com o acontecido. "- Mas eu mandei o senhor comer avêia três vezes por dia e o senhor comeu avéia três vezes por dia?" O riso aparece no jogo de ambiguidade entre avêia e avéia. O nosso heroi nunca ria de piadas porque ele só conhecia a lógica do xadrez, e o riso não está previsto no xadrez. A inteligência do nosso heroi não sabia pular. Ela só marchava. Faz muitos anos, um filósofo chamado Herbert Marcuse escreveu um livro ao qual deu o título de O homem unidimensional . O homem unidimensional é o homem que se especializou numa única linguagem e vê o mundo somente através dela. Para ele o mundo é só aquilo que as redes da sua linguagem pegam. O resto é irreal.

A ciência é um jogo. Um jogo com suas regras precisas. Como o xadrez. No jogo do xadrez não se admite o uso das regras do jogo de damas. Nem do xadrez chinês. Ou truco. Uma vez escolhido um jogo e suas regras, todos os demais são excluidos. As regras do jogo da ciência definem uma linguagem. Elas definem, primeiro, as entidades que existem dentro dele. As entidades do jogo de xadrez são um tabuleiro quadriculado e as peças. As entidades que existem dentro do jogo lingüístico da ciência são, segundo Carnap, "coisas-físicas", isso é, entidades que podem ser ditas por meio de números. Esses são os objetos do léxico da ciência. Mas a linguagem define também uma sintaxe, isso é, a forma como as suas entidades se movem. Os movimentos das peças do xadrez são definidos com rigor. E assim também são definidos os movimentos das coisas físicas do jogo da ciência.
Kuhn, no seu livro Estrutura das Revoluções Científicas, diz que os cientistas fazem ciência pelos mesmos motivos que os jogadores de xadrez jogam xadrez: querem todos provar-se "grandes mestres".
Para se atingir o nível de "grande mestre" no xadrez ou na ciência é necessária uma dedicação total. Conselho ao cientista que pretende ser "grande mestre": lembre-se de que, enquanto você gasta tempo com literatura, poesia, namoro, em conversas no bar DALI, há sempre um japonês trabalhando no laboratório noite adentro . É possível que ele esteja pesquisando o mesmo problema que você. Se ele publicar os resultados da pesquisa antes de você, ele, e não você, será o "grande mestre."
O pretendente ao título de "grande mestre" deve se dedicar de corpo e alma ao jogo da ciência. O cientista que assim procede ficará com conhecimentos cada vez mais refinados na sua área de especialização: ele conhecerá cada vez mais de cada vez menos. Mas, à medida que o seu "software" de linguagem científica se expande, os outros "softwares" vão se atrofiando. Por inatividade. O cientista se transforma num "homem uni-dimensional": vista apurada para explorar a sua caverna, denominada "área de especialização", mas cego em relação a tudo o que não seja aquilo previsto pelo jogo da ciência. Sua linguagem é extremamente eficaz para capturar objetos físicos. Totalmente incapaz de capturar relações afetivas. Se não houvesse homens no mundo, se o mundo fosse constituido apenas de objetos, então a linguagem da ciência seria completa. Acontece que os seres humanos amam, riem, têm medo, esperanças, sentem a beleza, apaixonam-se por ideais. Meteoros são objetos físicos. Podem ser ditos com a linguagem da ciência. A ciência os estuda e examina a possibilidade de que, eventualmente, um deles venha a colidir com a terra.
Dizem, inclusive, que foi um evento assim que pôs fim aos dinossauros. A paixão dos homens pelos ideais não é um objeto físico. Não pode ser dita com a linguagem da ciência. No entanto, ela é um não-objeto que têm poder para se apossar dos homens que, por causa dela se tornam heróis ou vilões, fazem guerra e fazem paz. Mas um projeto de pesquisa sobre a paixão dos homens pelos idéias não é admissível na linguagem da ciência. Não não seria aceito para ser publicado numa revista científica indexada internacional. Não é científico.
A ciência é muito boa - dentro dos seus precisos limites. Quando transformada na única linguagem para se conhecer o mundo, entretanto, ela pode produzir dogmatismo, cegueira e, eventualmente, emburrecimento.



terça-feira, 27 de novembro de 2012

NATAL, ANO NOVO E SENTIMENTOS - Solange Bittencourt Quintanilha

Todos nós buscamos varrer da consciência tudo o que nos parece desconfortável, mas as festas de final de ano teimam em atiçar nossas lembranças, reativar velhos sentimentos, desencadear intensas emoções...
As lembranças da infância se revigoram, tornando-nos mais sensíveis, com possibilidades de sentimentos de vulnerabilidade, emotividade e às vezes até desamparo.

Uns guardam lembranças negativas dos Natais e Réveillons passados, porque não eram comemorados com alegria, outros ficam muito ansiosos com medo que as pessoas não se lembrem dele e não o procurem.
Para outros, é motivo de muita festa.

Podemos e devemos valorizar esses dias, como dias especiais e comemorar da melhor maneira possível. Tentar deixar os medos, preocupações ou aborrecimentos de fora, e procurar fazer coisas que nos tragam alegrias. Buscar estar perto de pessoas que gostamos, que nos façam bem e curtir o amor e carinho que eles podem nos dar. A vida é um dom e merece ser bem vivida, mesmo com seus altos e baixos.
As emoções despertadas pelo Natal são bastante complexas e a melancolia é sempre muito presente para uns. Já outros têm a fantasia do Natal perfeito, onde só haja harmonia, e confraternizações. É uma época de festas em família, e é comum ficarmos mais sensíveis, emotivos, mais suscetíveis aos sentimentos e atitudes daqueles que amamos.

O fato do Natal e do Réveillon serem tão próximos traz uma grande dose de emoções. Vivemos então dias intensos e carregados de significações.
Um aspecto muito importante, é que no período dessas duas festas, as imagens das propagandas e dos programas de TV, são sempre de pessoas extremamente felizes, festejando essas datas.

Parece haver a nossa volta, uma cobrança, uma exigência interna e externa de que temos também de estar muito alegres e com espírito de comemorações. Assim, não há espaço para tristeza. A verdade, é que temos todo o direito de ficar triste e de chorar, pois nossos pensamentos, sentimentos e emoções devem ser livres.

Podemos também vivenciar o Natal como uma oportunidade de encontros e reencontros, tentar ser mais tolerante com as falhas dos outros, porque também temos as nossas, e procurar valorizar o que há de bom nos nossos familiares.
Aproveitar esse momento para a troca de afeto e carinho, sempre que for possível.

A passagem do ano contém emoções mais amplas ainda, porque costumamos fazer um balanço geral de todos os aspectos de nossas vidas. Surgem muitos questionamentos quanto ao que realizamos, e o que prometemos e deixamos de cumprir. Costumamos ficar frustrados e decepcionados com o que não cumprimos, e nos martirizamos com isso. Refletimos e avaliamos, muitas vezes sem sentir, os nossos relacionamentos de uma maneira geral,
É comum termos ansiedades e expectativas quanto ao novo ano que vai começar.
Perguntamo-nos: “Será que o próximo ano vai ser melhor?”
Será que vou conseguir realizar os meus sonhos?”

Mas, em vez de nos criticarmos por aquilo que não fizemos no ano que passou, vamos ser mais tolerantes com nós mesmos e aprender com nossos erros, sem culpa, e ficarmos abertos para realizar todas as oportunidades que surgirem.

O melhor que podemos fazer por nós é ter a consciência que todos nós passamos e passaremos por esse turbilhão de emoções nessas datas, e que podemos aprender e utilizar as várias formas de lidar bem com elas.

Vamos procurar reconciliar os nossos sonhos com nossas realidades, não criar grandes expectativas e nunca estabelecer metas inatingíveis.
O importante é nunca desistirmos de nós mesmos, aceitar nossas limitações, valorizar as nossas qualidades e não perder a esperança jamais.

Solange Bittencourt Quintanilha, Psicóloga Clínica, Médica, Hospitalar e Motivacional
E-mail
: solangepsi8@gmail.com

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sábado, 24 de novembro de 2012

MARTHA MEDEIROS - Não parecia eu

Já deve ter acontecido com você. Diante de uma situação inusitada, você reage de uma forma que nunca imaginou, e ao fim do conflito se pega pensando: que estranho, não parecia eu. Você, tão cordata, esbravejou. Você, tão explosivo, contemporizou. Você, tão seja-lá-o-que-for, adotou uma nova postura. Percebeu-se de outro modo. Virou momentaneamente outra pessoa.

No filme Neblinas e Sombras (não queria dizer que é do Woody Allen pra não parecer uma obcecada, mas é, e sou) o personagem de Mia Farrow refugia-se num bordel e aceita prestar um serviço sexual em troca de dinheiro, ela que nunca imaginou passar por uma situação dessas.

No dia seguinte, admite a um amigo que, para sua surpresa, teve uma noite maravilhosa, apesar de se sentir muito diferente de si mesma. O amigo a questiona: “Será que você não foi você mesma pela primeira vez?”

São nauseantes, porém decisivas e libertadoras essas perguntas que nos fazem os psicoterapeutas e também nossos melhores amigos, não nos permitindo rota de fuga. E aí? Quem é você de verdade?

Viver é um processo. Nosso “personagem” nunca está terminado, ele vai sendo construído conforme as vivências e também conforme nossas preferências – selecionamos uma série de qualidades que consideramos correto possuir e que funcionam como um cartão de visitas.

Eu defendo o verde, eu protejo os animais, eu luto pelos pobres, eu só me relaciono por amor, eu respeito meus pais, eu não conto mentiras, eu acredito em positivismo, eu acho graça da vida. Nossa, mas você é sensacional, hein!

Temos muitas opiniões, repetimos muitas palavras de ordem, mas saber quem somos realmente é do departamento das coisas vividas. A maioria de nós optou pela boa conduta, e divulga isso em conversas, discursos, blogs e demais recursos de autopromoção, mas o que somos, de fato, revela-se nas atitudes, principalmente nas inesperadas. Como você reage vendo alguém sendo assaltado, foge ou ajuda? Como você se comporta diante da declaração de amor de uma pessoa do mesmo sexo, respeita ou debocha?

O que você faria se soubesse que sua avó tem uma doença terminal, contaria a verdade ou a deixaria viver o resto dos dias sem essa perturbação? Qual sua reação diante da mão estendida de uma pessoa que você muito despreza, aperta por educação ou faz que não viu? Não são coisas que aconteçam diariamente, e pela falta de prática, talvez você tenha uma ideia vaga de como se comportaria, mas saber mesmo, só na hora. E pode ser que se surpreenda: “não parecia eu”.

Mas é você. É sempre 100% você. Um você que não constava da cartilha que você decorou. Um você que não estava previsto no seu manual de boas maneiras. Um você que não havia dado as caras antes. Um você que talvez lhe assombre por ser você mesmo pela primeira vez.
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CLARICE LISPECTOR - Das Vantagens de Ser Bobo

O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.

O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.

Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.

Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"

Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.
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DRENAGEM LINFÁTICA - CONHEÇA OS BENEFÍCIOS E SEGREDOS

Até desentupidor de pia pode ajudar 
na massagem da região da virilha, estômago e axilas

As mãos da fisioterapeuta Ana Hara devem ser das mais requisitadas. Dona de um spa concorrido em São Paulo — o Hara Spa é um dos maiores spas urbanos do Brasil —ela tem agenda movimentada graças a uma clientela VIP que não abre mãos dos seus serviços. Criadora de uma técnica que mescla a drenagem linfática manual com a massagem modeladora (e dona de um currículo que inclui formação em drenagem em centros europeus), ela agora lança um livro para ensinar a importância da técnica para a saúde.

Em "Vá se drenar! — O poder da drenagem linfática para desintoxicar e melhorar a sua vida", ela ensina que mais do que massagem, a drenagem linfática é remédio para muita coisa. Algumas dicas preciosas, Ana Hara divide nessa entrevista.

Por que a gente tem que se drenar?
Ana Hara: Porque o sistema linfático é fundamental para nossa vida. É ele que trabalha junto com a circulação sanguínea para retirar as toxinas de todo o corpo e produzir linfócitos para a defesa do nosso organismo.

A drenagem é recomendada para os homens também?
Sim! Para todos os seres humanos, já que todos nós temos sistema linfático.

Você aplica uma técnica que mescla a drenagem com a massagem modeladora. Quais as particularidades dela?
Ana Hara: Só drenar não modela nem tira celulite. Só modelar não drena e não elimina as toxinas e edemas do organismo. A união das duas apresenta o resultado perfeito!

Você defende que os benefícios da drenagem vão além da estética. Poderia explicar o impacto da drenagem na saúde?
Ana Hara: A beleza é consequência. A imperfeição estética é efeito colateral da afecção linfática. O sistema linfático não foi preparado para o estresse do mundo moderno. Ele não consegue eliminar toda a carga de toxinas e fica lento. Precisamos receber uma drenagem manual regularmente para prevenir doenças e nos manter saudáveis.

A maioria das mulheres recorre à drenagem apenas no corpo, mas você defende a drenagem facial. Por quê?
Ana Hara: A drenagem facial traz muitos benefícios. Ajuda a tirar algumas manchas, a rejuvenescer, modela o rosto, tira as olheiras, as marcas de expressão e as papadas, previne rugas e a flacidez. É um tratamento eficaz, se for feito uma hora por semana.

Existe algum grupo de pessoas para quem a drenagem linfática é contraindicada?
Ana Hara: Existe, sim. Ela é contraindicada para queimados, pessoas gripadas, com febre ou infecção. Também para aqueles com diarreia, hemorragia interna, trombose e no local afetado pela herpes zoster. Por outro lado, é bastante indicada nos casos de má circulação e úlceras, além de pessoas com diabetes, hipertensão, com lesões medulares e amputados.

Como saber se a drenagem está sendo feita da maneira correta? O corpo dá algum sinal?
Ana Hara: Sim. Claro que há muitos profissionais qualificados e bem preparados no mercado, mas há também uma leva de gente que se aproveita da onda da drenagem, usando o nome como. Feita de modo errado, a drenagem linfática manual pode trazer sérias complicações ao paciente e até causar lesões graves e fatais, como fraturas ósseas, dores, microvarizes, manchas, piora da flacidez e da celulite e trombose. Uma drenagem feita de forma errada pode romper o linfonodo ou suas valvas, o que é fatal se não for feita uma cirurgia a tempo.

É verdade que você recomenda que façamos pressão com o desentupidor de pia para uma drenagem caseira?
Ana Hara: Sim, mas somente nos conglomerados ganglionares, como virilha, estômago e axilas. Não substitui a drenagem, mas é muito útil!

A drenagem é realmente útil no combate à celulite?
Ana Hara: Sim. Mas ela deve ser feita sempre junto com a massagem modeladora, com pressão forte acima da celulite. Você pode no começo ficar roxa quando rompermos sua celulite. Por isso, vale começar a drenar já para diminuir as marcas.

Existe algum truque de massagem que podemos fazer em casa?
Sim! Esfoliar a pele com açúcar orgânico, demerara e óleo vegetal. Outro é sempre passar cremes com movimentos de baixo pra cima no sentido do coração. Um terceiro é esfoliar depois do banho com a toalha e depois colocar a toalha para lavar. Esfregue bem e massageie com as mãos fechadas (como se fosse um rolinho) as regiões que tem celulite até ficar bem vermelhinho. Faça isso todos os dias.
Renata Izaal - O GLOBO

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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A INTERNET SE TORNARÁ UM ORGANISMO CONSCIENTE?

Cientista traça paralelo entre grande rede e o cérebro humano 
e antevê evolução imprevisível deste ‘organismo vivo’

"Existe um paralelo entre o cérebro humano e a internet, cujas interconexões velozes corresponderiam aos nervos".
Afirma o neurocientista e empreendedor Jeff Stibel que foi convidado pela “BBC” para falar sobre essa sua abordagem futurista com relação à internet. Segundo Stibel, que é presidente-executivo da Dun & Bradstreet Credibility Corp., a grande rede seria uma nova forma de vida em estágio ainda embrionário, mas que já demonstra os primeiros sinais de inteligência.

A fiação física da internet, com todas as conexões da rede, já funciona como um cérebro rudimentar, e algumas ações e interações que se dão na rede são similares aos processos que acontecem no cérebro humano”, diz Stibel. “Ao mesmo tempo, a internet está forçando nós humanos a interagir e a pensar de maneiras novas e diferentes”.

No entanto, segundo ele, isto é apenas o começo. “A internet só vai se tornar mais e mais inteligente, mudando a humanidade e a sociedade de maneiras que talvez ainda não sejamos capazes de compreender”.

Em seu paralelo “internet-cérebro”, Stibel explica que no lugar de neurônios temos computadores e conexões de banda larga no lugar de axônios e dendritos (nervos).

No momento, com a internet, estamos criando um cérebro global. E já podemos ver isto acontecendo agora com o que as pessoas estão chamando de ‘consciente coletivo’, em locais como, por exemplo, a Wikipédia, em que um grande coletivo de voluntários vem depositando informações de forma organizada na rede, de tal modo que, quando consultado, este acervo nos devolve respostas”.

Após terminar seu doutorado na Brown University, Stibel se dedicou ao paralelo entre a grande rede e o cérebro, e dedicou-se a abrir empresas de internet uma após a outra, todas explorando as correspondências entre o âmbito cerebral e o da interconectividade computacional global.

O objetivo de minhas empresas é alimentar a internet com pessoas e com tecnologias de tal modo que comecemos a criar na grande rede uma inteligência real, e não mais o que vinha sendo chamado de inteligência artificial”, esclarece Stibel. “O cérebro humano está aos poucos se combinando, se mesclando com computadores”.

O estudioso conta uma história hipotética em que imagina um ser extraterrestre que chega à Terra assegurando que não tem intenções beligerantes nem destrutivas. Este ser forneceria aos seres humanos uma capacidade quase ilimitada de processamento de informações e armazenamento de dados também virtualmente ilimitado, bem como um poder global de interligar em altíssima velocidade diferentes pontos do planeta.

Esse extraterrestre só pediria em troca que abríssemos mão de nossa privacidade, que fornecêssemos todas as informações em nosso poder de modo a alimentar esse gigantesco sistema e, para que a coisa toda funcione, que nos permitíssemos manter-nos intimamente interconectados ao sistema e uns com os outros”, imagina ele.

Uma proposta assim vinda de um ser de outro planeta certamente nos pareceria assustadora e provavelmente a recusaríamos de imediato”, diz ele. Mas, segundo Stibel, o que as pessoas em geral não percebem é que isso já existe. E, pior, não é uma proposta feita por extraterrestres. Nós mesmos criamos algo assim. É a internet, essa mesma que muitos de nós usamos quase diariamente e da qual cada vez dependemos mais.

De acordo com o cientista, estamos muitos de nós interagindo de forma pensante com este organismo mundial interligado.

Algo único está acontecendo, alguma coisa maior do que pensávamos que aconteceria quando foi inventada a World Wide Web. Talvez não estejamos conseguindo agora entender direito o que está se passando, ou como isso tudo está evoluindo. Mas certamente estamos criando algo que se assemelha muito com inteligência. Uma inteligência global que, talvez um dia, possa ela mesma pautar sua própria evolução”.

O vídeo em inglês da apresentação de Jeff Stibel, infelizmente sem legendas, pode ser visto clicando aqui.
Carlos Alberto Teixeira

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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

EXERCÍCIOS FÍSICOS DEIXAM NOSSO CÉREBRO MAIS INTELIGENTE – Entrevista com o Neuropsiquiatra de Harvard John Ratey

Exercícios frequentes são mais potentes que remédio

Os exercícios nos deixam mais inteligentes. Quem afirma é o neuropsiquiatra John Ratey, professor da Harvard Medical School e autor do livro “Corpo ativo, mente desperta” (Editora Objetiva). Em entrevista ao GLOBO, ele diz que os exercícios são mais importantes que qualquer remédio para as funções cerebrais:
Fabricamos novas células cerebrais todos os dias e os exercícios ajudam mais que qualquer outra atividade.

1 - O que atraiu seu interesse para esta área?
JOHN RATEY: Inicialmente os exercícios eram vistos como menos potentes que as drogas antidepressivas, mas hoje sabemos que são tão bons quanto e, em alguns casos, até melhores que os remédios. Sempre fui um atleta e percebi em mim a importância dos exercícios para manter meu cérebro, humor e motivação nos melhores níveis.

2 - Como os exercícios melhoram as funções cerebrais?
RATEY: Os exercícios regulam ansiedade e níveis de estresse, além de otimizar o aprendizado de três maneiras: melhoram os sistemas de atenção, a memória, a capacidade de aprendizado e a habilidade de perseverar e superar as frustrações que o processo de aprendizado eventualmente produz; criam o ambiente certo para nossas cem bilhões de células nervosas, fabricando mais neurotransmissores e receptores para registrar novas informações; e promovem o surgimento de novas células no cérebro, um processo chamado neurogênese.

3 - Então a atividade física regular também nos deixa mais inteligentes?
RATEY: Sim. O exercício otimiza as chances de aprendizado ao nos deixar mais prontos para aprender, ao fazer com que o cérebro esteja preparado para se desenvolver e talvez até adicionando novas células nervosas às áreas envolvidas com a memória e o aprendizado. Mas é especialmente importante por aumentar a liberação do fator neurotrófico BNDF, um verdadeiro fertilizante para o cérebro por encorajar nossas células nervosas a crescerem, que é a maneira como aprendemos.

4 - Os exercícios estão ganhando respeito como uma opção de tratamento?
RATEY: As pessoas estão gradualmente reconhecendo o fato de que a atividade física é uma terapia auxiliar útil para desordens mentais e médicas. Hoje o primeiro tratamento para a depressão ou a ansiedade são exercícios regulares. Há dez anos a Câmara dos Comuns do Reino Unido disse que os exercícios deveriam ser o tratamento primário para a depressão, então eles estão na mente das pessoas e começando a ter aceitação na comunidade médica.

5 - Os exercícios também podem aliviar o estresse?
RATEY: Sim, tanto em termos de diminuir a resposta a situações de estresse quanto aumentando a resistência ao estresse. À medida em que a pessoa melhora o condicionamento, é preciso uma ameaça maior para disparar seu alarme de estresse, pois a atividade física muda a neuroquímica do cérebro, assim como trabalha no nível celular para proteger as próprias células do estresse.

6 - Quais são os melhores exercícios?
RATEY: É muito bom juntar artes marciais com dança, como na brasileira capoeira. A questão é aumentar os batimentos cardíacos e mantê-los altos por um tempo, adicionando complexidade e coordenação que vão desafiar mais áreas do cérebro, estimulando a liberação de fatores neurotróficos e desenvolvimento. Outras atividades que ganharam popularidade, como a ioga, também ajudam a desafiar o corpo e a mente, provocando mudanças magníficas no cérebro.
Ana Lúcia Azevedo – O Globo


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

TIMIDEZ: UM FANTASMA DIFÍCIL DE CONVIVER - Solange Bittencourt Quintanilha


A timidez é caracterizada por um complexo de inferioridade, falta de confiança em si próprio, sentimento de vulnerabilidade...  
Uma pessoa tímida tem dificuldade na busca de novos empregos, ao iniciar novas amizades e namoros, quando precisa pedir informações a estranhos, quando tem necessidade de reclamar seus direitos , falar com chefes ou qualquer autoridade, em qualquer situação desconhecida. Assim, a timidez surge nas mais variadas e diferentes situações da vida social.
As maiores causas da timidez são o medo de não ser aceito, não ser gostado, não ser apreciado e acabar sendo rejeitado. Ao mesmo tempo sente uma necessidade vital de agradar a todos, de receber amor e carinho.
O tímido tem muitos medos, tais como, falar em público, expor sua idéias ou a si mesmo, conversar com estranhos, ser o centro das atenções, pois teme ser avaliado, julgado e não aceito. Discrição é a palavra favorita dos tímidos. Essas inibições , portanto trazem limitações em todas as esferas da sua vida
Nas situações sociais, falam pouco, não aproveitam de muitos eventos , mesmo que agradáveis, apresentam dificuldades de interação, principalmente se for com uma pessoa de quem eles se sentem atraídos (costumam se achar desajeitados e incompetentes ). Vivem muito em casa, num certo isolamento, para evitar situações que lhe provoquem sofrimento, e deixam de treinar suas escassas habilidades por medo, permanecendo num círculo vicioso.
Nas atividades profissionais são muitas vezes prejudicados no trabalho, porque têm dificuldade de pedir aumento, de manter uma boa postura profissional, inseguros nas entrevistas não só com chefes, mas com clientes também.
Costumam viver com muito conflito, porque são extremamente exigentes com eles mesmos. Carregam dentro deles uma voz implacável, que está sempre julgando, criticando, impedindo a interação pela falta de confiança tão grande que costuma sentir.
Importante chamar atenção para um fato, que é o tímido, por estar sempre tenso nas situações sociais, passar para as outras pessoas uma imagem de “poucos amigos“, de ser alguém de difícil acesso ou até mesmo uma imagem de ser uma pessoa arrogante. É uma situação muito triste, pois é totalmente irreal e até injusta.
Importante averiguar o clima em que ela cresceu. Se ela se sentia rejeitada e mal-amada, carregando com ela o sentimento de desvalorização, de baixa autoestima e de insegurança. Tentar se aprofundar nas suas dificuldades diante de uma possibilidade de fracasso e na incapacidade de suportar a avaliação do outro, por acreditar que só poderia ser péssima. Conhecer também quais as experiências ruins do passado que colaboraram para esse sentimento e comportamento.

A timidez pode ter diversos sintomas. Os mais comuns são:
- elevada ansiedade
- taquicardias
- suor frio
-aperto no peito / dor no estômago
- se ruborizar, abaixar os olhos para não encarar o outro...

O sofrimento é muito grande, e por isso é bastante importante uma terapia, para que a pessoa possa entender seus medos, suas desvalias, suas dificuldades, suas inseguranças pessoais, adquirir mais confiança para obter uma transformação gradativa de di própria, na busca de uma tranquilidade e fortalecimento da sua autoestima. No momento em que ela adquirir esses recursos para uma mudança, ela viverá com mais alegria, por enxergar sua beleza interior.
Com toda a certeza, é possível superar a timidez e ter uma vida normal. 
 
Solange Bittencourt Quintanilha, Psicóloga Clínica, Médica, Hospitalar e Motivacional
E-mail: solangepsi8@gmail.com

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DEEPAK CHOPRA - Saúde x Qualidade do Pensamento

Somos as únicas criaturas na face da terra capazes de mudar 
nossa biologia através do que pensamos e sentimos.

Nossas células estão constantemente bisbilhotando nossos pensamentos e sendo modificados por eles. Um surto de depressão pode arrasar seu sistema imunológico; apaixonar-se, ao contrário, pode fortificá-lo tremendamente
A alegria e a realização nos mantém saudáveis e prolongam a vida. A recordação de uma situação estressante, que não passa de um fio de pensamento, libera o mesmo fluxo de hormônios destrutivos que o estresse. Suas células estão constantemente processando as experiências e metabolizando-as de acordo com seus pontos de vista pessoais. Não se pode simplesmente captar dados brutos e carimbá-los com um julgamento. Você se transforma na interpretação quando a internaliza.

Quem está deprimido por causa da perda de um emprego projeta tristeza por toda parte no corpo – a produção de neurotransmissores por parte do cérebro reduz-se, o nível de hormônios baixa, o ciclo de sono é interrompido, os receptores neuropeptídios na superfície externa das células da pele tornam-se distorcidos, as plaquetas sanguíneas ficam mais viscosas e mais propensas a formar grumos e até suas lágrimas contêm traços químicos diferentes das lagrimas de alegria. A ansiedade por causa de um exame acaba passando, assim como a depressão por causa de um emprego perdido. O processo de envelhecimento, contudo, tem que ser combatido a cada dia.

Shakespeare não estava sendo metafórico quando Próspero disse:
- Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos.”

Você quer saber como esta seu corpo hoje?
Lembre de seus pensamentos de ontem.
Quer saber como estará seu corpo amanhã?
Olhe seus pensamentos hoje!” 


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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

FERNANDA TORRES - Mundo animal

No morro atrás de onde eu moro vivem alguns urubus. Eles decolam juntos, cerca de dez, e aproveitam as correntes ascendentes para alcançar as nuvens sobre a Lagoa Rodrigo de Freitas. Depois, planam de volta, dando rasantes na varanda de casa. O grupo dorme na copa das árvores e lembra o dos carcarás do Mogli. Às vezes, eles costumam pegar sol no terraço. Sempre que dou de cara com um, trato-o com respeito. O urubu é um pássaro grande, feio e mal-encarado, mas é da paz. Ele não ataca e só vai embora se alguém o afugenta com gritos.

Recentemente, notei que um bem-te-vi aparecia todos os dias de manhã para roubar a palha da palmeira do jardim. De vez em quando, trazia a senhora para ajudar no ninho. Comecei a colocar pão na mesa de fora, e eles se habituaram a tomar o café conosco. Agora, quando não encontram o repasto, cantam, reclamando do atraso. Um outro casal descobriu o banquete, não sei a que gênero esses dois pertencem. A cor é um verde-escuro brilhante, o tamanho é menor do que o do bem-te-vi e o Pavarotti da dupla é o macho. Sempre me impressiono com o volume dos trinados vindos de um bichinho tão pequeno.

A ideia de prender um passarinho na gaiola, por mais que ele se acostume com o dono, é muito triste. Comprei um periquito, uma vez, criado em cárcere privado, e o soltei na sala. Achei que ele ia gostar de ter espaço. Saí para trabalhar e, quando voltei, o pobre estava morto atrás da poltrona. Ele tentou sair e morreu dando cabeçadas no vidro. Carrego a culpa até hoje. De boas intenções o inferno está cheio.

Vi a notícia de uma pesquisadora do Pantanal que espalhou abrigos de madeira pela região para ajudar na reprodução das araras-azuis. Uma ideia simples que fez diferença e ainda contribuiu para que outros irmãos penados, como corujas e águias, tivessem um teto. Estou pensando seriamente em fazer o mesmo aqui.

Quase infartei de espanto no dia que vi a capivara da Lagoa. Eu não esperava que fosse tão grande. Era um sábado ensolarado, ela estava dormindo na beira d’água, debaixo do manguezal. Os pelos eram como agulhas pontudas e juntou gente para tirar foto. Soberana, a bicha nem se importou com a fama, levantou a cabeça, olhou em volta e retomou o cochilo.

Estive no Zimbábue em 1996. A vida selvagem da África é tão imperiosa que o hotel recebia a visita habitual de elefantes, javalis e babuínos. Não estou falando de uma reserva afastada, era na zona urbana que circunda Victoria Falls. Havia placas espalhadas por todo o lodge alertando os visitantes de que não era seguro brincar com os animais.

Os javalis enfezados encaravam a gente no caminho do lobby e os macacos invadiam os quartos. Nós, homens, éramos menos donos dali do que eles, uma inversão rara de sentir no mundo civilizado, um receio ancestral de ser mais frágil, mais lento e menos preparado para sobreviver à seleção natural das espécies.

Na Índia, os animais também dominam as ruas, andam em gangues e te miram com curiosidade. É uma experiência estranha a de pedir licença aos macacos para entrar em um templo ou se sentar para jantar.

O Rio de Janeiro existe entre lá e cá, entre o asfalto e a Mata Atlântica, mas a fauna daqui é mais delicada do que a africana e a indiana. Quem tem janela perto do verde conhece bem o que é conviver com os micos. Nos meus tempos de São Conrado, eu costumava acordar com um monte deles esperando a boia. Foi a primeira vez que experimentei cativar espécies não domesticadas.

Lanço aqui a campanha: crie vínculos com um curió, uma paca ou um formigueiro que seja. Eles são fiéis e independentes, não exibem sinais de carência e conectam você com a mãe natureza.

Experimente, ponha um pãozinho no parapeito e veja se alguém aparece.

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