Caminhando pelo calçadão do Leblon, encontrei uma amiga muito querida, que não via há alguns poucos anos. A alegria do reencontro foi daqueles quase eufóricos. O simples encontro já foi uma alegria imensa. Como se diz, "fez o dia".
Sentados, bebendo aquele tradicional coco (antes do $urreal), ela me pareceu tranquila, mas, amigos confidenciais de tantos anos, percebi a tristeza em seus olhos.
Ficamos conversando durante várias horas, ela realmente estava precisando encontrar comigo. Que bom que o destino nos juntou naquela hora. Me senti honrado por poder demonstrar meu amor e amizade por aquela amiga tão querida e que estava passando por um momento complicado.
Resumindo, ela estava numa relação super feliz, com um homem maravilhoso, com o qual se relacionou pelos últimos 6 anos. Sempre falando de momentos e mais momentos de uma felicidade contagiante, que faz com que a gente tenha aquela inveja branca, aquela vontade de viver uma história como aquela.
O motivo da tristeza, com o desenrolar da conversa mostrou-se bem mais profundo e dolorido do que a princípio, ou do que a tranquilidade dela aparentava. Fiquei particularmente impressionado como, mesmo sem esconder a profunda tristeza que estava sentindo, ela estava tranquila e serena. Aquela tristeza tranquila e serena me intrigou profundamente.
Além disso, era ela quem havia terminado...estava difícil de entender. Tanto a dor quanto a serenidade de alguém que a cada minuto mostrava amar mais aquele homem a quem deixara.
Foi quando ela me falou uma frase que me marcou profundamente: prefiro uma tristeza verdadeira à felicidade falsa.
Estranho. Ele sempre me pareceu tão apaixonado, atencioso e gentil. Quando, então, a explicação dela, me fez entender e admirá-la ainda mais. Ela disse algo definitivo.
“ - Ele nunca sentiu por mim, ou não demonstrava, o mesmo que eu por ele e chegou um momento que desisti. Já não queria mais esperar. E, quando percebi, estava deixando de amá-lo, de desejá-lo com a mesma beleza infinita que nunca imaginara sentir por ninguém. Resolvi não deixar que aquela história de amor quase perfeita fosse manchada de alguma forma. Terminei com o homem com o qual fui mais feliz até hoje, porque não aguentaria vê-lo se tornar apenas mais uma relação comum e banal“.
Ela preferiu a verdade triste do que a alegria ilusória e, por isso, falsa. Corajosa como sempre fora. Conheço poucas pessoas capazes de ter uma clareza tão grande, e mesmo sofrendo tomar uma decisão tão difícil.
Concordei que a felicidade só poderia vir da verdade, e se eu tivesse a coragem de ter feito isso algumas vezes na vida, hoje teria recordações mais felizes dos amores que vivi.
A tristeza verdadeira nos aproxima mais da felicidade do que a fuga através das falsas alegrias.
E o que é uma coisa ou outra, só cada um de nós pode saber. É uma percepção pessoal e intransferível. Nossas verdades, tristes ou felizes, são a nossa identidade única. Somos nós verdadeiramente.
Torço para que ela seja muito feliz. Com ou sem ele.
Torço para que ela seja muito feliz. Com ou sem ele.
Clique abaixo para ler e ouvir também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário