segunda-feira, 14 de novembro de 2011

ARTUR XEXÉO - A mala do ano


O primeiro voto para a mala de 2011 chegou, pelo correio eletrônico, no dia 15 de fevereiro. O eleitor cravava o nome de um puxador de samba-enredo. Uma semana depois, outro eleitor pedia ao colunista para arquivar os nomes de alguns candidatos que poderiam ser esquecidos até o concurso ser oficialmente aberto. E lembrava de dois jogadores de futebol, por sinal homônimos, e de um artista plástico, que especializou-se na elaboração de instalações. Mais uma semana se passou e um terceiro eleitor manifestou-se, solicitando a inclusão dos atores James Franco e Anne Hathaway entre os indicados. O desempenho da dupla na apresentação da entrega do Oscar os gabaritava ao título de mala dupla. Ou de mala grande e valise.
A antecipação desses votos mostra a ansiedade do eleitorado. É verdade que fevereiro é um mês propício para a escolha de uma mala carnavalesca. Franco e Hathaway eram barbadas em fevereiro, mas, nesta altura do campeonato, quem ainda se lembra de suas malices? O fato é que só agora a eleição tem início. Vote, exercendo seu direito inalienável de eleger aquela personalidade que se destacou em 2011 por sua capacidade de nos aborrecer. A eleição da Mala do Ano começa agora.
Vamos, mais uma vez, relembrar algumas regras imprescindíveis para o bom andamento da eleição. Regra número 1: por favor, vote em único candidato. Eu sei que é difícil, sei que, muitas vezes, o eleitor escolhe uma mala nacional e outra internacional, sei que, além da mala natural, de vez em quando, vota-se também na mala com rodinhas, aquela mala escorregadia, que nos escapa das mãos. Mas poupe o pobre juiz do TREM — O Tribunal Regional Eleitoral das Malas. (Antigamente, o concurso era organizado pelo TREMA, Tribunal Regional Eleitoral da Mala do Ano. Mas, como todo mundo sabe, a última reforma ortográfica eliminou o trema). Apesar do sucesso desta promoção, ele continua trabalhando sozinho. É ele quem conta os votos — um por um. E votos duplos sempre tornam a contagem menos ágil. Para que não haja atrasos na divulgação do resultado, o eleitor, obrigatoriamente, precisa votar num único candidato.

Regra número 2: serão considerados válidos os votos que chegarem a este juiz por carta, e-mail, telegrama, twitter e comentários no blog e rádio amador. Serão considerados nulos os que vierem por sinal de fumaça, telex ou mensagens na secretária eletrônica.

Regra número 3: uma vez mala, mala para sempre. Então, não serão considerados os votos em malas já eleitas em outra ocasiões. Essas viraram hors-concours. Não me lembro de todos os eleitos, mas aqui vai a lista daqueles de que me lembro: Dunga, Xuxa, Marcelo Rossi (o padre), FHC, Collor, Galvão Bueno, Eurico Miranda, Lula, os Garotinhos (Anthony, Rosinha e Clarisse), Waldir Pires (o ex-ministro da Defesa), Cesar Maia, Renan Calheiros, Luana Piovani e Dilma Rousef. O resto está valendo. Mande seu voto!


Reprodução da Matéria publicada na Revista de O Globo de 06/11/11

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