Inúmeras cobranças: Você tem dado atenção suficiente aos seus filhos? Tem podido ajuda-los no estudo? Tem tido tempo para o seu (sua) cônjuge? Está cuidando da sua saúde? Está cumprindo bem suas tarefas no trabalho? Visita os seus pais? Tem investido na sua capacitação profissional? Faz algum tipo de trabalho voluntário? Faz exercícios físicos com frequência? Tem se alimentado direito?
Pouquíssimas pessoas responderiam sim a todas essas questões. Entre as que dizem não, muitas se sentem invadidas por uma sensação de decepção, insegurança, sentimento de incompetência consigo mesmas, falta de confiança...e culpa.
Outras situações e sensações também provocam esse sentimento: preconceitos, mentiras, traição, muita raiva por alguém que você ama, a não aceitação dos erros, dificuldade em cumprir tarefas, pessoas que são muito dependentes, pedidos de separação, chantagens emocionais... Nos sentimos culpados porque achamos que deveríamos ter feito isso ou aquilo, ou fizemos algo que não era para ser feito, ou seja, nada do que fizemos foi suficiente ou valioso.
Importante falar da diferença entre a “ Culpa concreta “, e a “ Culpa emocional “.
Na concreta, uma pessoa de fato lesou outra física, financeira, afetiva ou moralmente, e realmente foi causadora de um dano. Para superar esta culpa só há um caminho: fazer de tudo para reparar o erro, mesmo que seja difícil. Deixe a vergonha de lado e faça o máximo para minimizar o prejuízo causado. Peça desculpas, ajude a pessoa lesada, faça o que for possível.
A culpa emocional, é bastante complicada, porque ela gera graves consequências. É bastante comum encontrarmos pessoas que se colocam em segundo plano, julgam que não merecem coisa boas, não se acham dignas de receber muita atenção e passam a vida sem coragem de correr atrás dos seus sonhos. Acabam buscando inconscientemente uma punição, e se sentem quase sempre na obrigação de se dar, de se doar.
Se permitirmos que o remorso se transforme em culpa excessiva, ficaremos relembrando nossos erros passados, nos punindo, gerando tristeza, depressão e desequilíbrio emocional.
Quando a culpa ultrapassa os limites e se torna exagerada, ela é devastadora. Mantém o indivíduo amarrado ao passado, corrói a qualidade de vida do presente, e o impede de fazer planos e se lançar no futuro. A culpa nos traz raiva, frustração, tristeza, depressão, e comumente nos leva ao adoecimento. É preciso saber combatê-la.
É de vital importância entrar em contato com esse sentimento, entender as suas razões, poder trabalhar internamente para se libertar de algo que traz tanto sofrimento e se torna um fardo tão pesado. Só assim, poderemos melhorar a nossa autoestima, termos compreensão e compaixão com nós mesmos, para alcançarmos uma vida emocional mais sadia, com mais leveza e mais alegria.
Temos que compreender que todos nós somos imperfeitos, e fazemos várias coisas erradas durante nossa vida. Temos que ter a consciência de que todos nós somos limitados, que podemos fazer o nosso melhor, mas mesmo o melhor dos melhores terá seus limites humanos. É preciso saber que tudo tem um preço, toda decisão faz parte de um processo de escolhas, de perdas e ganhos, se quer X tem que abrir mão de Y.
Criamos uma fantasia de controle sobre o caos que é a vida, mas várias situações fogem desse controle. É comum as pessoas dizerem que algo deu errado porque elas não agiram de determinada maneira, como se dependesse somente delas o sucesso ou o fracasso de um negócio ou relacionamento.
Não podemos nos sentir culpados por lutar pelos nossos direitos ou abrir mão de algo que possuímos apenas porque alguém também o deseja. Se estamos disputando em igualdade de condições, temos de lutar por nossa vitória, se acreditamos que merecemos. Importante estarmos atentos que iremos encontrar muitas pessoas que querem tanto que sua vontade seja cumprida, que irão exagerar no sofrimento que terão se não forem atendidos, fazendo chantagem emocional. O pior é que vejo isso no consultório com muita frequência.
Ao reconhecer que erramos, podemos utilizar nossas falhas como experiência adquirida e crescimento obtido, em vez de só nos recriminarmos. É claro que temos que ter um limite entre o que podemos ou não fazer, e a autocrítica possibilita isso. Precisamos assumir a responsabilidade por nossos gestos e atitudes erradas, mas buscar aceitação, compreensão e principalmente perdão, para podermos ir à procura da melhor resolução. Podemos superar e encarar nossos erros, com arrependimento, mas sem culpa, aceitando nossas limitações e fraquezas para termos a possibilidade de consertar o que fizemos de errado, sem sofrimento.
Solange Bittencourt Quintanilha - Psicóloga Clínica, Psicóloga Médico-Hospitalar, Psicanalista , Psicóloga Motivacional.
E- mail: solangepsi8@gmail.com
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