Pé de laranja não dá limão. Como um rio que corre para o mar, o Maracanã pode reafirmar sua vocação para ser a casa do futebol do Rio de Janeiro.
A privatização que impediu a participação dos clubes de futebol na administração do estádio e desconsiderou toda tradição e relevância esportiva do Parque Aquático Julio de Lamare e do Estádio de Atletismo Célio de Barros realmente precisa ser revista imediatamente.
Assim como não se pode demolir a história da natação e do atletismo brasileiro, o futebol é a razão de ser do Maracanã, e os clubes não podem ficar reféns de interesses empresariais que não levam em consideração aspectos humanos e sociais do esporte.
A união dos clubes pode resultar num modelo de gestão compartilhada que preserve a essência esportiva de todo complexo do Maracanã e não sacrifique empreendimentos singulares e complementares como Engenhão, São Januário, Laranjeiras e Gávea.
Inclusive, boa parte dos estudos de viabilidade, projeções econômico-financeiras e pesquisas de mercado para isso já foram feitos por Flamengo, Fluminense, CBF e ISG, em 2008, quando se trabalhava com a ideia de os clubes administrarem o estádio.
Á época, por exigência do Flamengo, este grupo buscou a participação da AEG, maior empresa de conteúdo para estádios e arenas dos Estados Unidos, que pode viabilizar uma quantidade considerável de eventos no Maracanãzinho, transformando-o no grande diferencial para a geração incremental de receitas permanentes de todo complexo.
Hoje, ISG, braço da IMG, sócia de Eike Batista na IMX, se apresenta com 5% do Consórcio que pretende administrar o Maracanã, AEG com mais 5% e Odebrecht, que já recebeu mais de R$ 1 bilhão para fazer as obras, com 90%, sendo que, no modelo atual, ainda haveria obras no entorno com valor estimado em mais de R$ 500 milhões.
Com a manutenção do Célio de Barros e do Julio de Lamare, diminui consideravelmente a necessidade de aportes adicionais no entorno do estádio e, sem obras, a Odebrecht, empreiteira que faz obras, pode não ter tanto interesse em permanecer no negócio.
Então, surge aí uma grande oportunidade para que o Maracanã volte a ser a casa do futebol carioca.
Os clubes podem assumir este espaço deixado pela Odebrecht. O desafio é construir a unidade, preservando as diferenças. E se isso cabe em algum lugar, é no Maracanã.
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