sábado, 21 de dezembro de 2013

NOSSOS ENCONTROS - Edmir Silveira

Ela sempre me esperava em absoluto silêncio, na penumbra. Ao sentir minha presença, sua respiração tornava-se mais forte e acelerada. Minha pulsação também aumentava ainda mais e tornava minha respiração quase difícil. A saudade era grande. Aproximei-me bem devagar até aconchegar-me ao seu lado.

Não toquei sua pele, apenas passei meu rosto e meu nariz em seu rosto, afastando seus cabelos, até alcançar seu pescoço. A sensação de sentir seu perfume e o contato com o calor de sua respiração fez com que o meu cérebro começasse a funcionar em outra sintonia...muito além de tudo...viajando...embriagado.

Uma sintonia onde as sensações do tato, do olfato, do paladar e da audição se transformam em sentimentos. Onde cada toque, cada textura de cada parte do corpo, cada aroma e cada som são imediatamente transformados nas mais deliciosas emoções e sentimentos. E assim, entregue a essas sensações indescritíveis, minhas mãos iam percorrendo seu rosto. Podia sentir seu sorriso de prazer em minhas mãos. Podia sentir seus sorrisos através do ritmo de sua respiração. Sentir sua excitação através do cheiro de seu couro cabeludo que sempre causa em mim a mesma excitação. 

Nenhum dos dois falou. Apenas trocamos sussurros sem significado, apenas sons, mas o contato era total. Já nos conhecemos profundamente para sabermos que ainda temos muito o que o que conhecer um do outro. Por isso, somos também mistérios. 

Esse aproximar e tocar de corpos fez com que não houvesse mais espaço entre eles, a alma de um, inundando a alma do outro de felicidade, de prazer. Tão próximos, tão encaixados que a sensação é de que tudo é perfeito, completo. Sem fronteiras entre os corpos. Sem antes, sem depois. 

O encontro do desejo e da alegria com o prazer. A felicidade verdadeira. O amor.

Essências se fundindo: sensações, emoções e um sentimento de plenitude total. O que dá sentido à vida: os raros encontros com a felicidade. 






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