terça-feira, 20 de março de 2012

BRASIL TERÁ NÚMERO RECORDE DE SHOWS INTERNACIONAIS EM ABRIL.

Entre as atrações estarão Bob Dylan, Foo Fighters, 
Roger Waters e Arctic Monkeys, dentre outros.

Um engarrafamento de rock internacional que aguarda os brasileiros (e seus bolsos) em abril. Um mês que começa com um Lollapalooza (dias 7 e 8, no Jockey Club de São Paulo, com Foo Fighters, Arctic Monkeys e um exército de estrelas indie), passa por Roger Waters (1 e 3 no Morumbi, em SP, depois de se apresentar no Rio dia 29) e Bob Dylan (correndo o país de 15 a 24) e toma o Nordeste entre 20 e 22 com dois festivais: o Abril Pro Rock (no Chevrolet Hall, em Recife) e o Metal Open Air (no Parque Independência, em São Luís). Isso para não falar da ameaça (até agora não confirmada) de shows de Paul McCartney em Recife, na mesma época. Haja dinheiro — e ouvido!
Alexandre Faria, o diretor artístico da Time For Fun (que, só em abril, traz Roger Waters, Bob Dylan, 3 Doors Down e Ting Tings, entre outros), diz:
O cenário de shows está fortalecido porque o Brasil passa por um momento de estabilidade econômica. Além disso, o câmbio atual do dólar ajuda significativamente na realização dessas turnês. Sem contar que mercados importantes como Europa e EUA passam por crises econômicas. O público brasileiro hoje é exigente e quer as melhores atrações do planeta. 
Foi contando com isso que Felipe Negri resolveu apostar em três dias de Metal Open Air. Produtor com experiência em shows de heavy metal na América Latina, ele conta na empreitada com o apoio do governo do estado do Maranhão, da prefeitura de São Luís (que está comemorando 400 anos em 2012), de produtores e de uma TV local. Entre a escalação de quase 50 nomes internacionais e nacionais, destacam-se as bandas Megadeth, Anthrax, Venom, Exodus, Blind Guardian e um Rock N’ Roll Allstars reunindo figuras do naipe de Gene Simmons (Kiss), Joe Elliott (Def Leppard) e Glenn Hughes (ex-Deep Purple).
Sem falsa modéstia, é um dos melhores line-ups de metal que eu já vi, mais forte que de muito festival lá de fora — diz Negri, para quem o público-alvo é do Norte e do Nordeste, num arco geográfico que vai de Recife a Manaus ("Ninguém vai sair do Sul e do Sudeste pra ver o festival", acredita).
Ele espera ter algo entre 15 mil e 30 mil pessoas por dia, e não se assusta com a perspectiva de ainda estar longe do ideal (sete mil ingressos ao todo) de ingressos vendidos a pouco mais de um mês do festival:
A experiência com o Nordeste é que o público acaba comprando em cima da hora. Além do mais, a gente foi testando aos poucos, levando bandas a São Luís, e vi que tinha espaço, sim, até pela carência de shows de metal que existia. 
Festival que tem em sua noite de metal e punk o seu grande ímã de público, o Abril Pro Rock confirmou para o dia 21, na escalação internacional, Exodus (dos EUA, que toca um dia antes no Metal Open Air), Brujeria (México) e Cripple Bastards (Itália). Fundador e produtor do Abril, Paulo André Moraes não acredita que o Metal Open Air vá afetar seu evento, que comemora 20 anos em 2012.
Não vejo concorrência, acredito que apenas umas 200 pessoas de Recife vão ao Metal Open Air, mas isso divide a mídia — opina ele, para quem, desde o ano 2000, a programação internacional tem sido o esteio do festival. — Recife tem muitos shows no carnaval. Para alguém pagar ingresso, tenho que trazer algo que não se veria normalmente.
Sua maior aposta internacional, porém, será em duas bandas americanas: Antibalas (especialistas em afrobeat, que vêm ao Brasil pela primeira vez e se apresentam em Recife no dia 22 e em São Paulo nos dias 19 e 21) e os veteranos indie Nada Surf, que voltam ao país pelas mãos da agência cultural Inker, da produtora Fabiana Batistela. Além do NS, ela também traz ao país em abril os americanos Thurston Moore (guitarrista do Sonic Youth) e Kurt Vile. 
Temos parcerias com a Argentina e o Chile. E também com produtores brasileiros, como o Teatro Opinião (Porto Alegre), o festival Se Rasgum (Belém) e o projeto Queremos (crowdfunding do Rio que faz os shows de Thurston e Kurt, dia 13, no Circo Voador), com quem estamos trabalhando pela primeira vez — diz Fabiana, para quem as redes sociais ajudaram bastante a mobilizar os fãs para os shows.
Uma das razões pelas quais estamos indo ao Brasil é que os fãs brasileiros ficavam pedindo shows nossos pelo Facebook — diz Chris Henderson, guitarrista do 3 Doors Down, que toca no meio de abril em Rio, São Paulo e Belo Horizonte. — Antes disso, não sabíamos que éramos conhecidos aí.
É uma fartura jamais vista. No dia 30, por exemplo, só no Rio de Janeiro, apresentam-se astros do rock dos anos 1970 (o ex-Supertramp Roger Hodgson, no Vivo Rio), 1980 (o Duran Duran, no Citibank Hall) e 2010 (o Ting Tings, no Circo Voador). Mas o preço a pagar, segundo os produtores, é alto.
O cachê das bandas internacionais duplicou nos últimos cinco anos — diz Felipe Negri. — Não é normal o que se paga, mas a demanda compensa. O Megadeth custa duas vezes mais aqui, mas reúne quatro mil, cinco mil pessoas. A banda sabe que você ganha dinheiro.
Quando começamos, dez anos atrás, parecia que a gente era de algum país desconhecido da África — acrescenta Fabiana Batistela. — Hoje rola até leilão, e com qualquer tipo de banda. O que é ruim para os pequenos, porque os preços estão lá em cima.
Tive alguma competição pelos Foo Fighters e Arctic Monkeys. Os artistas devem estar se divertindo, são os cachês mais altos que se pagam no mundo — confirma, sem entrar em valores, Leo Ganem, da Geo Eventos, que produz o Lollapalooza. — Os produtores acabam competindo muito, e nunca de forma inteligente.
Para Felipe Negri, o ponto de saturação está próximo:
Daqui a uns dois, três anos, tenho certeza de que 90% dos produtores vai estar fora.
Fabiana Batistela concorda:
Hoje tem um público maior, uma estrutura melhor e a informação chega de forma mais fácil. Mas, por outro lado, é mais difícil, porque todo mundo quer ser produtor de shows internacionais.
Fonte: O Globo - 20/03/2012

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