Um homem é dotado de livre arbítrio e de três maneiras: em primeiro lugar, era livre quando quis esta vida; agora não pode evidentemente rescindi-la, pois ele não é o que a queria outrora, excepto na medida em que completa a sua vontade de outrora, vivendo.
Em segundo lugar, é livre pelo fato de poder escolher seu caminho nesta vida e a maneira de o percorrer.
Em terceiro lugar, é livre pelo fato de, na qualidade daquele que vier a ser um dia, ter a vontade de se deixar ir, custe o que custar, através da vida e de chegar, assim, a si próprio por um caminho que pode, sem dúvida, escolher, mas que, em todo o caso, forma um labirinto tão complicado que toca nos menores recantos da sua própria vida.
São esses os tês aspectos do livre arbítrio que, por se oferecerem todos ao mesmo tempo formam apenas um e de tal modo que não há lugar para um arbítrio, quer seja livre ou servo.
Franz Kafka, in "Meditações"
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