Alimentos orgânicos, mais caros e supostamente mais saudáveis, tiveram seus benefícios contestados em uma nova pesquisa feita na Universidade Stanford (USA).
O estudo, publicado no "Annals of Internal Medicine", conclui que não há muitas diferenças entre os alimentos convencionais e orgânicos quanto aos níveis de vitaminas e nutrientes. Mas as opções orgânicas podem fazer seu alto custo compensar por diminuírem a exposição a pesticidas e bactérias resistentes a antibióticos.
Uma equipe de pesquisadores de Stanford revisou mais de 200 estudos que comparavam a saúde de /pessoas que consumiam orgânicos e alimentos convencionais e também os níveis de vitaminas e nutrientes de alimentos como leite, ovos, legumes, grãos e carne.
Não foram encontradas evidências fortes de que os orgânicos são mais nutritivos. Os pesquisadores não viram diferenças significativas quanto à quantidade de vitaminas nos dois tipos de alimento --apenas o fósforo foi encontrado em níveis mais elevados na versão orgânica.
Os pesquisadores também não encontraram diferenças em relação à quantidade de proteínas ou gordura entre o leite convencional e orgânico. Um número limitado de estudos, porém, sugeriu que o leite e o frango orgânicos têm maiores níveis de ômega-3.
As maiores diferenças foram observadas em relação à quantidade de pesticidas e bactérias resistentes a antibióticos nos alimentos. Mais de um terço dos produtos convencionais tinha resíduos de pesticidas detectáveis, em comparação com 7% das amostras de alimentos orgânicos. Frango e carne de porco orgânicos tinha 33% menos chance de ter bactérias resistentes a três ou mais antibióticos que as versões tradicionais.
Uma das autoras da pesquisa, Crystal Smith-Spangler afirmou que é pouco comum que tanto os alimentos convencionais como os orgânicos excedam os limites de pesticidas. Portanto, é difícil saber se uma diferença na quantidade de resíduos teria impacto à saúde, diz.
Mas o pesquisador de Harvard Chensheng Lu, que não esteve envolvido no estudo, afirma que as pessoas deveriam considerar a exposição a pesticidas ao fazer escolhas durante as compras.
Ele diz que mais pesquisas são necessárias para explorar a fundo as diferenças entre os dois tipos de alimentos e seus riscos --por isso, é prematuro concluir que as versões orgânicas não são mais saudáveis, acredita.
A popularidade de produtos orgânicos, que são cultivados sem pesticidas sintéticos, fertilizantes, antibióticos ou hormônios de crescimento, tem aumentado nos EUA. Entre 1997 e 2011, as vendas de alimentos orgânicos nos EUA cresceram de US$ 3,6 bilhões para US$ 24,4 bilhões, e muitos consumidores estão dispostos a pagar mais por esses produtos, que em geral custam o dobro dos alimentos convencionais.
(Folha de S.Paulo)
(Folha de S.Paulo)
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