A grande desvantagem de sediar uma Copa do Mundo é o privilégio de não disputar as eliminatórias - que é a melhor maneira de preparar um time, jogando contra adversários duros e enfrentando confrontos decisivos, que preparam as táticas e os nervos da equipe para situações de alta pressão na Copa.
No caso do Brasil, que já ganhou cinco vezes o Mundial, na Ásia, nas Américas e na Europa, qual será a grande glória de ser, mais uma vez, campeão? Em casa, que é quase uma obrigação, e, em caso de vitória, pode ser um motivo para depreciar o triunfo, porque conquistado em nosso quintal, com a torcida toda a favor. Mas perder em casa, repetindo como farsa a tragédia de 1950, será doloroso, imperdoável e inesquecível.
Há muito tempo a seleção brasileira de futebol não é mais a pátria de chuteiras de Nelson Rodrigues. Cada vez mais o patriotismo se distancia do legendário "scratch" e o público vê apenas atletas profissionais milionários em uma competição internacional. Quem ainda acredita que a honra nacional está em jogo? Ou que o brasileiro tem um dom divino para jogar bola melhor do que todo mundo?
São ecos distantes de um tempo em que o futebol era um dos nossos raríssimos orgulhos entre tantas vergonhas de um País pobre e atrasado. Hoje, em diversos campos de atividade, inúmeras empresas, equipes e indivíduos brasileiros fazem mais gols e conquistam mais vitórias, prestígio, dinheiro e reconhecimento do que o futebol, 12.º colocado no ranking da Fifa.
Atualmente, além de nunca jogar bem, a seleção só tem contribuído para enfraquecer os melhores times do Campeonato Nacional, tirando os seus melhores jogadores, para nada. Também é inquietante ver como Neymar, Ganso, Lucas e Oscar jogam em seus clubes e na seleção. Começa-se a desconfiar que eles dão show de bola aqui porque enfrentam adversários mais fracos e juízes mais moles.
Não ser o melhor do mundo não é vergonha para ninguém, vergonha é achar que ainda é, mesmo diante de tantas dúvidas e evidências. Se agora o torcedor está cada vez mais apaixonado pelos seus clubes e mais desiludido com a seleção, imaginem na Copa.
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Um dos primeiros textos bem construídos e bem pensados sobre a Copa, que foge de pensamentos pré-formatados. Gostei e compartilhei. Além do mais, também me identifiquei com um problema que se vive aqui no RS. "Não ser o melhor do mundo não é vergonha para ninguém, vergonha é achar que ainda é", um bairrismo prejudicial, atrasado e que não ajuda em nada.
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