Baixa produtividade não é por causa das redes sociais,
mas porque as pessoas não veem sentido no que fazem.
Há dois anos, publiquei uma longa série (dez textos, no link bit.ly/HSMesa) sobre o que deveriam ser estratégias de (ou para) redes sociais nos (ou de) negócios.
Em tempos corridos, dois anos é muito e, de lá para cá, mudou quase tudo no universo social corporativo, a ponto de qualquer máquina de busca apontar milhares de links para "estratégias de mídias sociais". Tantas que é muito fácil se perder logo no começo da busca por uma, efetiva, para seu negócio.
Na série do blog sobre estratégias de redes sociais para negócios (que, não por acaso, virou um negócio, a Sodet.biz) o nível mais sofisticado da hierarquia de competência social era a empresa ser uma rede social de fato. Toda conversa (corporativa) seria social, naturalmente viral e os processos de negócio, internos e externos, realizados em comunidades nas redes sociais, inclusive -e principalmente- as criadas ou lideradas pelo negócio.
Atingir esse nível, ou mesmo uns dois ou três abaixo, não é fácil. Pode levar anos, até porque redesenhar processos organizacionais para torná-los sociais vai, na maior parte dos casos, entrar em choque com a máquina (antissocial) da corporação. Uma disputa entre comando e controle, quase sempre muito bem estabelecidos, e conectividade e interação para construção coletiva.
O resultado é conhecido: empresas lançando uma estratégia "social" enquanto proíbem o uso de redes sociais pelos colaboradores no local de trabalho, alegando que o "social" que promovem (para os outros) interfere na "produtividade" (dos seus). Pense...
Pode até ser que redes sociais tenham um impacto negativo em negócios onde as pessoas estão mais interessadas nas fotos e nas fofocas do fim de semana do que nas metas da semana, mês ou ano. Aí, é provável que o trabalho não tenha significado. Talvez as pessoas sejam apenas parte de um processo, que não se sabe para onde vai nem se chega em algum lugar, qualquer lugar.
Acontece que um número cada vez maior de estudos começa a mostrar que o uso competente de redes sociais pode aumentar -e não diminuir- a produtividade do trabalho nas empresas (veja bit.ly/OVGQrX). E aí?
Aí que a "estratégia social" da maior parte das empresas é de dar pena. Em quase todas, é só um "goste de mim" numa rede social. Como se social fosse unidirecional, por sinal. Noutras, tenta-se capturar o público (em tempos de comunidade...) para espalhar "virais", como se o topo das tendências no Twitter salvasse o negócio.
Ainda são poucos e raros os casos em que há uma tentativa sincera e articulada de usar métodos, processos, arquiteturas e sistemas sociais para agregar valor real aos clientes e aos consumidores, inclusive os potenciais.
E isso pode ser mais simples do que parece. Pergunte-se qual deveria ser a estratégia social do seu negócio e a resposta nunca estará muito longe destes 5Cs: criar conexões entre colaboradores, clientes e consumidores.
Criar conexões entre colaboradores, clientes e consumidores, todos como cidadãos de primeira classe, na rede, é ajudar a criar e a evoluir ambientes em que você, seu negócio e seus produtos fazem parte, com seus acertos e erros, vantagens e problemas, assim como na vida real.
Redes sociais verdadeiras diminuem assimetria de informação, e isso, na prática, aproxima pessoas. Ou, de forma mais ampla, todo tipo de agente, inclusive no mercado. Mais conectividade, para mais interação e consequente criação coletiva de conhecimento, aproxima tudo e todos, para melhor ou para pior.
Se sua oferta de valor, para seu mercado, é verdadeira, conecte-se a tudo e a todos, inclusive internamente, eliminando as restrições de acesso às redes sociais em sua empresa.
E se a produtividade por aí é baixa, não é por causa das redes sociais, mas porque as pessoas não veem sentido no que estão fazendo e seu negócio irá para o grande cemitério dos CNPJ em breve, com ou sem redes sociais. Depois não diga que a gente não avisou...
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