segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

ROBERTO CARLOS e ANA CAROLINA - Como vai você

Para aquela saudade que todo mundo sente. 
Nessa época, ela aumenta mais e dá uma vontade louca de saber: 
como vai você?
Mas, a gente não pergunta...


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domingo, 18 de dezembro de 2011

OS 10 FILMES QUE MAIS BOMBARAM NO FACEBOOK EM 2011


O Facebook liberou uma lista dos filmes que viram suas páginas crescerem mais rapidamente em 2011. Entre os nomes da lista estão sucessos de bilheteria deste ano e algumas velharias que ressurgiram do fundo do oceano. Confira!
10. Titanic
O clássico da década de 1990 vai ser relançado em 3D só em abril do ano que vem, mas a página do filme dirigido por James Cameron já está entre as que mais cresceram este ano. Ou seja: se este ano já está assim, para ver o Titanic afundar em três dimensões é melhor você se preparar para enfrentar filas tão quilométricas quanto na época em que a sua irmã (ou você) colava pôsteres do Leonardo di Caprio na porta do quarto.
9. Velozes e Furiosos 5
O Rio de Janeiro está em alta pelo mundo inteiro (animação da Pixar, Olimpíadas de 2016, a Copa do Mundo chegando aí…), mas foi Velozes e Furiosos 5 que colocou a cidade maravilhosa nessa lista. Ok, a produção não acertou em todos os detalhes sobre nosso país, mas a página no Facebook (em inglês) conta com diversos recursos interessantes para os fãs da série.
8. Piratas do Caribe
A estreia do 4º filme da franquia pirata da Disney juntou o que tinha de melhor nos três primeiros filmes (Johnny Depp fazendo o capitão Jack Sparrow e as paisagens incríveis do Caribe) com Penélope Cruz. Tinha como dar errado? Os críticos não elogiaram o filme, mas o público curtiu no Face.
7. Jogos Mortais
O último filme da franquia foi lançado no final de 2010 no Brasil, mas a página no Facebook continou crescendo em 2011 e alcançou o 7º lugar nessa lista. São os poderes do 3D. E da possibilidade de assistir o filme na própria rede social - infelizmente este recurso não funciona no Brasil.
6. Shrek
O lançamento do “último capítulo” de Shrek foi em Julho de 2010 no Brasil, mas a página continuou crescendo, crescendo, crescendo. Os poderes do 3D novamente? Aposto mais no lançamento de outro filme da franquia: O Gato de Botas (que aliás está em cartaz nos cinemas - em 2 ou 3 dimensões)
5. Jackass
Mais um filme que foi lançado em 2010, mas viu sua página crescer bastante em 2011: Jackass 3D (a quantidade de dimensões é coincidência?). Outro fator que bombou a página no Facebookfoi a morte de Ryan Dunn, um dos malucos dos filmes, dia 20 de junho.
 imagem: Sean Cliver; Miami, Florida 2002
4. Avatar
A história de moral ambientalista cheia de imagens maravilhosas - adivinhem! - em 3D rende à James Cameron o segundo filme desta lista. O filme foi lançado em 2009, mas gerou uma legião de fãs que estudam a língua dos nativos de Pandora e vão a festas à fantasia pintados de azul. James agradeceria em Na’vi: irayo!
3. Toy Story
Contrariando as “leis universais das continuações de filme”, Toy Story 3 é considerado o melhor filme da franquia dos brinquedos falantes da Pixar. É muita fofice para um filme só <3. Este ano, Woody, Buzz e seus amigos fizeram uma aparição nas telonas em um curta-metragem no começo do filme Os Muppets (em cartaz no Brasil até o fim do ano).
2. Saga Crepúsculo
O penúltimo filme adaptado da série de livros sobre Bella, Edward, Jacob e outros vampiros e lobisomens que enlouqueceram adolescentes (e algumas mães) está em cartaz nos cinemas neste momento (confira ou evite, como preferir!).
1. Harry Potter
O fim da série do bruxinho mais pop do mundo chegou este ano, mesmo que nenhum de nós quisesse dizer adeus. Os estúdios até tentaram lucrar mais em cima dos fãs, dividindo a adaptação do último filme em duas partes (assim como fizeram com o último de Crepúsculo), mas uma hora a gente tinha que deixar Harry, Rony e Hermione crescerem. A Emma Watson e seu novo corte de cabelo agradecem, já Daniel Radcliff e Rupert Grint… nem tanto (cadê eles depois dos filmes? Pois é…).
 imagem:  Stephen Lovekin – Getty Images 

ALBERTO GOLDIN - 18/12/2007 - O Globo


Tenho 35 anos, sou casada há oito e tenho um filha de 4. Há três anos, apaixonei-me por Robero, um colega de trabalho. Tivemos um breve relacionamento, mas nos asfastamos. Não queria me seprar com um filha pequena. Há poucos meses, este sentimento voltou, e estamos muito envolvidos. Tenho medo da separação, mas não sou feliz nos casamento. Meu marido não me escuta, não brigamos, ele evita conflitos. O problema sou eu: não sou feliz, quero um companheiro, receber um abraço quando chego em casa, ouvir eu te amo, ter vontade de fazer sexo, coisa que vai de mal a pior. Em Roberto encontrei amor, erostismo, diálogos intermináveis, compreensão e vontade de ter uma vida comum. Ele é casado, também não é feliz, e em pouco tempo, será livre. Moro num bairro nobre e separada não terei o mesmo padrão. Mas não agüento mais ser infeliz. Corremos conra o tempo, a vida passa rápido. Me sinto uma panela prestes a explodir!
Pâmela

SOB NOVA DIREÇÃO
Era m bom filme, contava uma história verossímil, com excelente fotografia e músicas que acentuavam as emoções. A tristeza em tom escuro dramático, e a alegria clara, luminosa, quase eufórica.
A carta de Pâmela também é um bom filme, ou melhor, são dois, com argumentos diferentes: quando se refere a Roberto, seu amante, os refletores se acendem, a música toca alegre e juvenil, como nas belas historias de amor. Já quando o personagem é seu marido, ocorre o oposto, são planos escuros, acordes graves e opacos, um relato em preto e branco, Até aqui é compreensível. A mulher que ama projeta filmes otimistas e , quando deixa de amar, acentua o desgaste de m relação que a prende com pesadas correntes de silêncio e escuridão. O s dois filmes se alte4rnam em sessão continua, porem, não refletem o passado nem descrevem o presente. Invente o futuro que, como todo futuro, é apenas uma hipótese sujeita a confirmação. Pâmela está em conflito, Deve-se se separar na esperança de uma nova vida, ou permanecer vegetando num casamento sem amor? A resposta é tão óbvia que desconfiamos. Se fosse simples e claro, não haveria conflito, nem carta para o jornal.
De nossa parte, sabemos que não devemos intervir na sua decisão. Cabe a ela fazer isso e assumir as conseqüências, felizes ou não.
Ainda assim, nos sentimos autorizados a fazer alguns comentários. São dois filmes, dois caminhos, duas historias simultânea e com sentidos opostos. Um casamento silencioso e desvitalizado e ma relação onde não faltam palavras, atenções, sexo e sentimento. Será que antes do encontro com Roberto o mesmo casamento era mais tolerável, ou foi a paixão clandestina que dividiu as emoções, idealizando um e esvaziando o outro?
De fato, são historias complementares, alimentadas pela mesma fonte, e é por isso que cada virtude do amante corresponde um defeito do marido, porque, como é sabido, todas paixão exagera virtudes e acentua defeitos.
Pâmela tem pressa em resolve seu conflito, mas acreditamos que por enquanto precisa esperar um tempo até qe os dois filmes sejam condensados num só. Além disso, se Roberto permance na sua casa e no seu casamento porque Pâmela deveria sair imediatamente? A hora de fazer isso será quando conseguir perceber os defeitos de Roberto e as virtudes do seu marido.. Nessa hora, estará mais madura e seu novo (e único) filme será um documentário, nau um romance , nem uma comedia, e , muito menos , uma tragédia.
Admito que é difícil esperar, porém, psso lhe garantir que a urgência nunca é prudente e se alimenta de dúvidas e medos de errar. As melhores decisões são as mais realistas, as que aceleram o processo de descoberta: como será o amaaaaantes perfeito quando virar marido? Quando O motel se transforma em residência própria? E, o mais importante, como será a Pâmela sob nova direção? Estas são as verdadeiras incógnitas que tomarão o lugar das certeza atuais. Os bons amores sobreivem a alguns meses de espera. Quando não sobrevivem é porque, infelizmente, não são tão bons amores.


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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Receita de Ano Novo


Receita de Ano Novo

Para você ganhar um belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser, novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependidopelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

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sábado, 10 de dezembro de 2011

MARTHA MEDEIROS - MAMÃE NOEL

Sabe por que Papai Noel não existe? Porque é homem. Dá para acreditar que um homem vai se preocupar em escolher o presente de cada pessoa da família, ele que nem compra as próprias meias? Que vai carregar nas costas um saco pesadíssimo, ele que reclama até para colocar o lixo no corredor? Que toparia usar vermelho dos pés à cabeça, ele que só abandonou o marrom depois que conheceu o azul-marinho? Que andaria num trenó puxado por renas, sem ar-condicionado, direção hidráulica e air-bag? Que pagaria o mico de descer por uma chaminé para receber em troca o sorriso das criancinhas? Ele não faria isso nem pelo sorriso da Luana Piovani! Mamãe Noel, sim, existe.
Quem é a melhor amiga do Molocoton, quem sabe a diferença entre a Mulan e a Esmeralda, quem conhece o nome de todas as Chiquititas, quem merecia ser sócia-majoritária da Superfestas? Não é o bom velhinho.
Quem coloca guirlandas nas portas, velas perfumadas nos castiçais, arranjos e flores vermelhas pela casa? Quem monta a árvore de Natal, harmonizando bolas, anjos, fitas e luzinhas, e deixando tudo combinando com o sofá e os tapetes? E quem desmonta essa parafernália toda no dia 6 de janeiro?
Papai Noel ainda está de ressaca no Dia de Reis. Quem enche a geladeira de cerveja, coca-cola e champanhe? Quem providencia o peru, o arroz à grega, o sarrabulho, as castanhas, o musse de atum, as lentilhas, os guardanapinhos decorados, os cálices lavadinhos, a toalha bem passada e ainda lembra de deixar algum disco meloso à mão?
Quem lembra de dar uma lembrancinha para o zelador, o porteiro, o carteiro, o entregador de jornal, o cabeleireiro, a diarista? Quem compra o presente do amigo-secreto do escritório do Papai Noel? Deveria ser o próprio, tão magnânimo, mas ele não tem tempo para essas coisas. Anda muito requisitado como garoto-propaganda.
Enquanto Papai Noel distribui beijos e pirulitos, bem acomodado em seu trono no shopping, quem entra em todas as lojas, pesquisa todos os preços, carrega sacolas, confere listas, lembra da sogra, do sogro, dos cunhados, dos irmãos, entra no cheque especial, deixa o carro no sol e chega em casa sofrendo porque comprou os mesmos presentes do ano passado?
Por trás do protagonista desse megaevento chamado Natal existe alguém em quem todos deveriam acreditar mais.
Martha Medeiros

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sábado, 3 de dezembro de 2011

A REAÇÃO A UM ERRO INFLUENCIA SEUS ACERTOS FUTUROS


Quando comete um erro, qual a sua reação? Você pensa “ok, na próxima eu acerto” ou “putz, sou um fracasso e nunca vou conseguir fazer nada direito”? Um estudo publicado no periódico Psychological Science descobriu que a sua atitude nesse momento pode influenciar seus acertos futuros. E mais: a forma como você reage aos erros está diretamente ligada à visão que você tem sobre sua própria inteligência. Algumas pessoas acreditam que a inteligência é algo constante e imutável, que não pode ser desenvolvida. Outras, porém, acreditam que é sempre possível melhorá-la com o tempo. A sua opinião a respeito dessa questão é mais importante do que se pensava.
Para realizar o estudo, pesquisadores da Michigan State University deram aos voluntários uma tarefa chatinha em que era fácil cometer um erro. Eles deveriam identificar a letra do meio de uma série de sequências com cinco letras, como “MMMMM” ou “NNMNN.” É até simples, mas depois que a tarefa se repete várias vezes, a mente se confunde mesmo. E aí a pessoa comete erros bobos, percebe imediatamente e se sente estúpida por causa disso. Durante os testes, os voluntários tinham sua atividade cerebral monitorada. O resultado mostrou que quem acredita que pode aprender com seus erros tem uma reação cerebral diferente de quem vê a inteligência como algo imutável.
Como o cérebro reage a um erro
Quando cometemos um erro, nosso cérebro faz dois sinais rápidos: uma resposta inicial que indica que algo deu errado (e Jason Moser, um dos autores da pesquisa, chama de fator “oh, droga!”) e um segundo indicando que a pessoa está consciente do erro e está tentando consertar o que fez de errado. Os dois sinais acontecem super rápido, cerca de um quarto de segundo após o erro.
Quem acreditava que a inteligência é algo que pode ser desenvolvido com o tempo e que, portanto, pode aprender com os erros, se saiu melhor depois de errar, recuperando-se rapidamente e acertando os testes seguintes. Foi possível observar uma diferença também na sua atividade cerebral: o segundo sinal (aquele que diz “cometi um erro, então devo prestar mais atenção”) foi mais intenso, indicando que elas têm o cérebro ajustado para ficar mais alerta depois de errar.
Isso pode ajudar quem é crítico demais em relação aos próprios erros a tentar dar uma relaxada: afinal, ficar se condenando só piora as coisas.
Ana Carolina Prado 

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FEDERICO GARCIA LORCA - As seis cordas


A guitarra
faz soluçar os sonhos.
O soluço das almas
perdidas
foge por sua boca
redonda.
E, assim como a tarântula,
tece uma grande estrela
para caçar suspiros
que bóiam no seu negro
abismo de madeira.
Federico Garcia Lorca

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

MAITÊ PROENÇA - A verdade do avesso

Em fevereiro, resolvi me fechar para balanço. O momento é de estudo para preencher lacunas de ignorância, quero aumentar minhas frentes de interesse dando a elas consistência, preciso ter o que dizer na vida, e na arte sobretudo, sem repetir fórmulas conhecidas. Muito fácil fazer de conta que estamos apresentando algo novo ao maquiar velhos modelos para que pareçam o que sabemos intimamente não ser. A preguiça se instala, acomodamo-nos e passamos anos nessa lengalenga sem que os de fora percebam que, há muito, já não criamos nada. Então, esta onda é de silêncio e observação. Estou exausta com uma parte antiga de mim, quero outra. Nesse espírito, passei 20 dias entre Veneza e Londres investigando as artes plásticas e uns quebrados que vieram à reboque. Há tempo sem pisar em Veneza me percebi mais uma vez extasiada com aquele mar que invade a história, quanta história. Por ali, mais do que em qualquer lugar, Oriente e Ocidente se fundiram em hábitos, interesses, folia, segredos trocados... a gente vai sentindo essa batida centenária a cada viela, em toda esquina. Mercadores itinerantes mascararam-se para poderem fazer de um tudo sem serem reconhecidos. É cidade de transgressões, de gandaia e riso fácil. Mas não, eu estava lá para estudar, fiz muxoxo para as tentações, e , depois de uma rodada de Tintorettos e Ticianos - que ninguém é de ferro - me mandei para a sede da 54a. Bienal de Arte, onde deparei com o melhor e também o pior da produção contemporânea. Difícil identificar e compreender os artistas da atualidade, era bem mais simples quando havia normas regendo cada movimento representativo. Hoje há uma constelação de possibilidades sem regras aberta a cada criador, as obras exigem o engajamento de quem olha porque existe um jogo sendo proposto que demanda esforço para tornar interessante a brincadeira. Ainda assim, alguns trabalhos batem na veia de toda a gente. É o caso de The Clock, do suíço americano Christian Marclay, um filme quase pop de tão sedutor. O monumental trabalho de pesquisa resulta em vinte e quatro horas de cenas montadas em sincronia com o tempo real. Marclay editou instantes memoráveis da cinematografia, de forma que o minuto que aparece no relógio da tela é também o mesmo do nosso pulso. Não há o enredo único mas uma montagem de tal sorte fluida, que, tendo o tempo como assunto central, a gente não sente o tempo passar, o tempo todo. É hipnótico!

Evidente que em uma Bienal do porte da de Veneza nem tudo seria encantamento e, assim, ao visitarmos o pavilhão italiano, somos assaltados por um cenário de horrores, como se de repente fôssemos transportados para um pós mundo de arquitetura lasveguiana em ruínas. O curador e célebre crítico Vittorio Scarbi, conhecido por sua aversão às artes contemporâneas, convidou 200 artistas italianos para compor a mostra que ele chama de 'L'arte non è cosa nostra', em alusão a uma suposta máfia dos contemporâneos. As obras selecionadas são grosseiras, feiíssimas, desprovidas de conceitos ou transbordantes de clichês. A atitude de Sgarbi causou escândalo entre artistas do mundo todo, em especial os italianos, a ponto de alguns pedirem para retirar seus trabalhos do conjunto. Como público me senti desrespeitada ao ver aquele espaço concorrido sendo desperdiçado para levantar a polêmica desgastada da necessidade de ser ou não bela a arte, afinal, para que apontar o rei se ele já vai nu há quase cem anos?

De Veneza tomei o rumo de Londres para mais uma batelada de Tate Moderns, National Gallery, Saatchi, e companhia: em cada espaço excelsas maravilhas de épocas variadas. Mas o que impressionou na cidade que eu não visitava havia três décadas, foi algo que observei nas ruas e em conversas com artistas e com um variado tipo de gente. Nesta era globalizante, os ingleses, como povo (mas também cada criatura por si), parecem ter o pensamento independente do resto do mundo. Aquilo é uma ilha, a moeda continua sendo a libra, e as pessoas se apresentam, no que dizem e no vestuário, por exemplo, para evidenciar individualidade. Perdoem se faço aqui um exercício diletante, não houve como me aprofundar na impressão, mas é que me fez pensar a quantidade de homens com ternos impecáveis e o cabelo azul ou rosa, e os rapazes de salto alto vestidos de mulher, e não por serem gays, mas porque se sentem além da questão de gênero; eles são o que está dentro da roupa e a roupa é só uma brincadeira. Vi uma moça dançando de calcinha e sutiã, não era pra mostrar o corpo meio troncho, mas porque ela estava com calor ou simplesmente com vontade, e então, quando saía pra fumar do lado de fora, abotoava um vestidinho romântico, dava seus tragos, voltava, se despia, e se soltava novamente em piruetas, livre. Há mais tribos em Londres do que nas outras grandes cidades e, dentro de cada uma, o céu parece ser o limite da liberdade. No Brasil, na moda, para citar um setor a que todos têm acesso, exalta-se o estilo de quem o tem, mas O Estilo é um faz de conta só, um bocadinho diferente da norma, e sempre antenado com alguma tendência, para que nunca desagrade o grupo. Aqui a roupa é uma forma de camuflagem, lá, ela é um depoimento, aqui, se eu me posicionar com ideias muito independentes, e eu não for o Caetano Veloso, posso penar a caminho de um longo ostracismo, lá quem tem algo novo a afirmar se faz atraente, a provocação não ameaça mas instiga, inspira. O avesso interessa. E a verdade também. 

VÍDEO: ROBERTO D'ÁVILA ENTREVISTA FLÁVIO GIKOVATE

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VÍDEO PALESTRA - FLÁVIO GIKOVATE - O amor que se vai



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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

JEFF GOLUB w/GERALD ALBRIGHT,PETER WHITE,& KIRK WHALUM.....GUITAR & SAXES TOUR


 

PAT METHENY e JOSHUA REDMAN - ao vivo - Turnaround


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20 LIVRO CLÁSSICOS DE DOMÍNIO PÚBLICO PARA BAIXAR DE GRAÇA.


No Brasil, geralmente um livro cai no domínio público 70 anos depois da morte de seu autor. Quando isso acontece, os direitos comerciais sobre o texto são liberados. algumas obras essenciais da literatura mundial para você não usar a preguiça de procurar no acervo do site como desculpa.
Literatura brasileira e portuguesa:

Literatura brasileira e portuguesa:



Literatura mundial:

terça-feira, 29 de novembro de 2011

HELOISA SEIXAS - A noite vermelha

O incêndio da Praia do Pinto no Leblon

Lembro-me que naquela noite acordei sem motivo algum. Acordei, simplesmente, sem saber por quê. No instante exato do acordar, não houve susto. O sobressalto veio depois. Olhei para a parede do meu quarto e vi que estava tomada por uma sombra incomum. Uma sombra vermelha, cor de fogo. Sempre achei que todas as sombras eram iguais, cinzentas, negras. Jamais imaginei que pudesse haver uma sombra cor de fogo. Intrigada, com uma ponta de medo, levantei da cama e fui até a janela. E então fui atraída pela luz.

Parece o início de um conto de terror – e, de certa forma, é. Foi assim que me senti naquela madrugada distante em que vi a Favela da Praia do Pinto pegar fogo. As chamas eram tão tremendas que projetavam sobre a parede do meu quarto um reflexo avermelhado, um pôr-do-sol no meio da noite. Todo o terreno hoje ocupado pela Selva de Pedra estava pegando fogo. Não havia um só ponto onde não brilhassem as labaredas, projetando-se para o alto, devorando o céu, em meio ao tiroteio dos bujões de gás que explodiam.

Ao ver a cena, meu coração se contraiu. Adolescente ainda, tive a noção exata do que significava aquele espetáculo terrível, pensando, angustiada, nas pessoas que com certeza tentavam escapar do fogo. Horas depois, quando o dia raiasse, outro espetáculo me espantaria. A multidão compacta enchendo as ruas em torno da favela destruída, carregando nas costas seus móveis, seus pertences, num movimento febril que era a perfeita reconstituição de um gigantesco formigueiro.

Ao fim de tudo, manhã já alta, quando olhei o imenso quadrado cinzento que restara no lugar da favela, senti uma estranha sensação de vazio. Mas ela veio acompanhada de uma lembrança boa. A recordação de outro espaço, grande como aquele, já então desaparecido: o terreno baldio onde armavam o circo, quando eu era criança. Ficava no quarteirão entre o Jardim de Alá e a Almirante Pereira Guimarães, em plena Ataulfo de Paiva, que eu atravessava de mãos dadas com a babá, rumo ao mundo encantado e assustador que a lona escondia. Por um segundo, cheguei a pensar no circo pousando outra vez no Leblon, no imenso terreno deixado vago pela favela calcinada. Mas logo dei de ombros, sorrindo. Bobagem. Eu não era mais criança.

Mas é engraçado. Desde então, essas duas lembranças tão díspares – do fogo e do circo – andam sempre juntas dentro de mim. Dois terrenos vazios que, como retalhos quadrados numa colcha, ajudam a compor o cenário desse Leblon de onde nunca saí.

Heloisa Seixas

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MÔNICA MONTONE - Balada do ser errante


BALADA DO SER ERRANTE

Depois de um tempo você descobre que sua vida não passa de uma farsa
Que tudo o que você fez ou faça
É tão somente para ser bem visto e bem quisto pelos outros

Descobre que sua necessidade de trabalhar 20h por dia
Nada mais é do que um pretexto para se esquivar da própria agonia
Da terrível e temível sensação
De não ser aceito
Não ser perfeito

Descobre que até as roupas que USA
São escolhidas por você como um passaporte
Um cartão de ouro
Capaz de abrir as portas do matadouro social

Descobre que alguns amigos estão a seu lado
Não por admiração ou carinho
Mas porque você se esforça para ser especial
E porque eles podem lucrar algo
Nem que seja um telefonema no natal
Um cartão postal de viagens invejadas

Descobre que as pessoas não o conhecem
E não tem a menor idéia de quem você seja
Mas que no fundo elas não têm culpa disso
Pois foi você quem sempre fingiu ser o que não era

Depois de um tempo
Você descobre que nada disso faz sentido
Mas como está distante de tudo o que realmente é importante
Já não consegue voltar atrás!
Vive seus dias como um ser errante
À espera de um “milagre”:
Casamento, parceiro, dinheiro, emprego, filhos, felicidade

E enquanto a cidade se agita
Sozinho, no ninho
Você grita
E sente as dores de um parto que jamais aconteceu:
O seu!!!
Mônica Montone

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