segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

RUBEM ALVES - A arte de viajar

A Odisséia, de Homero, é uma das mais fascinantes aventuras jamais escritas. Ulisses, famoso herói grego, gozava do amor tranqüilo por Penélope, sua mulher, e das alegrias com Telêmaco, seu filho recém-nascido. Ele era um homem feliz. Mas, repentinamente, ele foi arrancado de sua tranqüilidade e levado a lutar na guerra de Tróia. Por longos anos ele lutou, enfrentou a morte, teve saudades. Decorridos dez anos, a guerra chegou ao fim. Ele podia então – já estava envelhecido – tomar o seu navio e, com seus marinheiros, voltar para casa, que era a coisa que ele mais desejava. A Odisséia é o relato da viagem de Ulisses, rumo ao amor da mulher e às alegrias do filho. Mas aquilo que parecia ser uma viagem tranqüila se revelou terrível, mais terrível, talvez, que a guerra: o mar estava cheio de enganos, armadilhas e perigos.

O fascínio da Odisséia se mede pelo fato de que eu consegui seduzir cinco adolescentes que, por três dias, me perseguiram, implorando que eu retomasse a leitura. ( E alguns dizem que os jovens não gostam de leitura…)

A viagem de Ulisses é uma saga atemporal. Ela é uma metáfora da vida. Todos somos navegantes em busca de uma felicidade perdida. Somos navegantes.

Assim se sentia Cecília Meireles, navegando por mares desconhecidos: “Muitas velas, muitos remos, âncora é outro falar. Tempo que navegaremos não se pode calcular. Vimos as Plêiades. Vemos agora a Estrela Polar. Muitas velas, muitos remos: curta vida, longo mar.” Assim se sentia Nietzsche, desafiando seus discípulos aos perigos do mar enfurecido: “Agora sereis navegadores, valentes e pacientes. O mar está em fúria; tudo está no mar. Assim é, velhos lobos do mar! Que foi feito da terra paterna? Nosso leme nos leva para a terra dos nossos filhos! Lá, nesse lugar, mais tempestuoso que o mar, a nossa nostalgia está em fúria.” Assim também se sentia Antônio Machado, ferido pela dor dos caminhos: ” Caminante, no hay camino, se hace camino al andar.” “Amargo caminar, porque el camino pesa en el corazón! El viento helado, y la noche que llega, y la amargura de la distância…”

Os poetas sentem e sabem. A psicanálise explica. Somos viajantes mesmo quando não viajamos. Viajamos sonhando, sem sair do lugar. O sonho é a viagem daquele que quer ir mas não pode. Não pode ou por não ter barcos ou por não saber para onde ir. Nos seus lugares mais profundos, o corpo é um navegante. Mora ali um fogo que não se apaga – Freud deu a ele o nome de “princípio do prazer”. Queremos navegar até o lugar (ou o tempo) onde encontraremos o prazer. Mas eu me sinto tentado, à semelhança de Octávio Paz, a falar em “dupla chama”. Castiçal de duas velas. De um lado, a chama do prazer, vermelha. Do outro, a chama da alegria, azul. Acho que Freud não concordaria comigo – mas não tem importância. Na minha psicanálise estou sempre atento ao “princípio da alegria”… Para isso viajamos: para chegar ao prazer e à alegria. Disse-o Fernando Pessoa no seu poema Eros e Psique: uma viagem louca para chegar ao lugar da beleza adormecida.

Toda viagem inclui duas partes. Primeiro, a escolha do lugar para onde se vai. Essa escolha, quem faz é o coração. Segundo, o preparo da viagem. Esse preparo quem faz é a razão. Por isso, disse Fernando Pessoa: “Navegar é preciso; viver não é preciso.” A navegação se faz com barcos, velas, bússolas, mapas, dinheiro, malas, roupas, passagens, hotéis, carros: tudo isso se equaciona racionalmente, de forma precisa. Mas a vida, a escolha do destino – que coisa mais imprecisa… Não há razão que nos diga o que escolher: grandes cidades iluminadas, aldeolas perdidas nas montanhas, desertos, pirâmides, fiordes, montanhas geladas, rios, florestas, parques de diversão, shoppings, lugares sagrados, monumentos, restaurantes, museus: as possibilidades parecem não ter fim…

Assim, fomos viajar. O coração escolheu: atravessar a cordilheira dos Andes, ao sul do Chile, entre lagos e florestas. A razão fez os preparativos: separou o dinheiro, comprou as passagens, tirou as malas dos armários, escolheu as roupas. Acho que nunca tive experiência de beleza maior: os lagos se sucediam, verdes, azuis, entre altíssimos vulcões cobertos de neve. Dos barcos para as “jardineiras”, montanha acima, estradas estreitas, serpenteando, árvores altíssimas, lembrei-me do relato de Neruda no seu livro Confesso que vivi – ele fez caminho parecido em lombo de cavalo, vagarosamente, o poeta fugindo dos fuzis (triste destino dos poetas!). Até que, ao final da travessia ( “travessia”, essa palavra que Guimarães Rosa tanto amava!) chegamos em Bariloche, outra exuberância de cores, lagos, florestas, montanhas, cheiros de pinheiro, o vento frio no rosto, os cenários que se perdiam no horizonte. Era prazer? Era. Mas era mais que prazer. Era alegria. A diferença? O prazer só existe no momento. A alegria é aquilo que existe só pela lembrança. O prazer é único, não se repete. Aquele que foi, já foi. Outro será outro. Mas a alegria se repete sempre. Basta lembrar.

Andando pelas ruas de Bariloche fiquei conhecendo um casal de brasileiros. Estavam lá com os seus filhos. Só fui reencontrá-los mais tarde, em Buenos Aires, numa daquelas ruas onde os turistas vão fazer compras. Sorrimos e nos cumprimentamos. E ele se apressou a falar: ” Finalmente estamos longe dos Andes e de Bariloche. Montanhas, vulcôes, lagos, matas! Nada para fazer! Só ver! Nós estávamos ficando doidos! Felizmente estamos aqui. Aqui há video-games. Nossos filhos estão felizes…” Ele falava como se fosse óbvio, como se eu estivesse sentindo o mesmo que ele, como se nós fôssemos iguais. Senti as palavras dele como uma agressão. Ele dizia que o que eu achava maravilhoso era horrível e o que eu achava horrível era maravilhoso. Primeiro, foi o choque, estupefação pura. Depois, indignação. Finalmente, ira. “O senhor escolheu a viagem errada”, eu lhe disse secamente. “Deveria ter ido para Las Vegas!” E nos separamos.

(Uma mulher me enviou um e-mail pedindo que eu desenvolvesse uma filosofia de tolerância: conviver numa boa com todas as opções culturais, estéticas, éticas. Não posso. Quem gostar de música sertaneja e os seus miasmas, que goste. Tem direito. Mas não há mágica que me faça dizer que música sertaneja é equivalente a Beethoven. Quem quiser gostar dos livros do doutor Lair Ribeiro, que goste. Mas não há nada que me faça sequer comparar o que ele escreve com Bachelard. Chamem-me de aristocrata, se quiserem. Não ligo. Há um ponto em que a tolerância significa indiferença. Não tenho tolerância alguma para com uma pessoa que prefere video-games aos rios, montanhas e florestas. Questão visceral. Considero-a minha inimiga. Não quero conversar com ela. Quem tolera tudo é porque não se importa com nada).

Eles prepararam a primeira parte da viagem direitinho: consultaram folhetos de turismo, trocaram os dólares, puseram as roupas nas malas, as passagens no bolso, câmera fotográfica à tiracolo. Mas os olhos que eles usavam, embora fossem perfeitos (nenhum deles usava óculos), não sabiam brincar com a natureza. Não haviam sido educados para isso. Tinham olhos de visão perfeita e eram cegos. Analfabetos no olhar.

Bem disse Alberto Caeiro que “Não basta abrir a janela/ para ver os campos e o rio. / Não é bastante não ser cego / Para ver as árvores e as flores…” De que me vale preparar a viagem com precisão se, ao chegar lá, eu só vejo o banal?

Por isso que Nietzsche dizia que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. Quem sabe ver está sempre viajando – mesmo que não saia de sua casa. Mas quem não sabe ver não viaja mesmo que vá para a China.

Suspeito que nossas escolas ensinem com muita precisão a ciência de comprar as passagens e arrumar as malas. Mas tenho sérias dúvidas de que elas ensinem os alunos a ver com outros olhos.

Há um ponto em que a tolerância significa indiferença.
Quem não sabe ver não viaja mesmo que vá para a China.


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domingo, 30 de dezembro de 2012

RUBEM ALVES - Feliz Ano Novo


Para termos um Feliz Ano Novo temos que estar dispostos a “matar” o que fomos e nascer de novo em cada momento da vida. Está aí um grande desafio. Dos maiores, senão o maior de todos!

As cigarras passam a maior parte de suas vidas debaixo da terra, alimentando- se das raízes das árvores. Disseram-me que há certas espécies de cigarras que chegam a viver 15 anos debaixo da terra. De repente, alguma coisa acontece, e surge dentro delas um impulso irresistível para mudar. Saem então dos seus túneis, sobem pelos troncos das árvores, arrebentam suas cascas, subterrâneas gaiolas, e se transformam em seres alados. Se elas não abandonarem suas cascas não se transformarão em seres alados. Continuarão a ser seres subterrâneos. Nossos demônios são nossas cascas. Abandonar as cascas é esquecer a forma subterrânea de ser. A grande transformação das cigarras acontece quando a morte se aproxima. É a proximidade da morte que lhes diz: ‘Chegou a hora de voar, cantar e fazer amor, para continuar a viver…’ Eu acho que a morte é o único poder capaz de nos trazer vida nova. A consciência da morte nos força a sair de nossas sepulturas, nos dá asas, nos convida a voar e a amar.

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DANUZA LEÃO - Não ver, não ouvir e calar sempre

 E não tenha ilusões: diga você o que disser, 
contra ou a favor, no final a culpa será sempre sua


Você quer ser querida pelos amigos, viver sem problemas, ser daquelas pessoas que são sempre lembradas com alegria e prazer? Em outras palavras: você quer ser feliz? Simples: esqueça essas manias de ver, ouvir e, sobretudo, falar, e sua vida passará a ser um mar de rosas.

Não ouça; isso mesmo, não ouça, salvo, talvez, um pouco de música, quando estiver no carro. Quando perceber que estão contando uma história escabrosa da área política, vá para a janela e olhe para fora com enorme atenção.

E se o assunto envolver a vida particular de quem quer que seja -e quanto mais próxima a pessoa, pior-, seja drástico e finja um mal-estar súbito. Se tiver que se explicar, diga, no máximo, que é vagotônico como era o poeta Vinicius, doença que, aliás, já esteve muito na moda e que ninguém nunca soube muito bem do que se tratava.

Agora, o principal: se uma amiga -principalmente se for a que você mais adora- quiser contar seus problemas pessoais, arranje uma desculpa, seja ela qual for, para não ouvir: simule uma crise nervosa, diga coisas desconexas, dê uns gritos, e se for preciso, desmaie, mesmo que esteja no meio da rua.

Vale absolutamente tudo para não assumir o papel de confidente, pois vai acabar sobrando para você -ou estou dizendo alguma novidade?

Bem, já falamos do primeiro ponto: não ouvir. Agora vamos ao segundo: não ver.

Quando for a uma festa, use óculos, daqueles que os bandidos obrigam os sequestrados a usar -com vidro negro e opaco- para não enxergar; faça essa riquíssima experiência que é não ver absolutamente nada, a saber: quem deu um amasso em quem, de quem é a perna enroscada debaixo da mesa que você flagrou quando foi pegar o isqueiro que caiu no chão, ou as baixarias que costumam acontecer quando as pessoas se descontraem, digamos assim. E se não conseguir os tais óculos negros, não tem importância: é só passar a noite inteira de olhos fechados -ou não sair de casa, claro.

Agora, o terceiro ponto, muito, mas muito mais importante do que não ver e não ouvir: não falar.
Nunca diga nada sobre nenhum assunto, e não dê, jamais, uma só opinião sobre nada. Se alguém diz que a couve-flor está mais cara, ouça com o ar mais sério do mundo; se ouvir o contrário, também -e continue mudo. Não diga nada, não faça nenhuma ponderação, não emita um único som.
Renuncie a bancar o inteligente e fique até o sol raiar, se for preciso, de boca fechada, que é a posição correta na vida, como você já deve ter aprendido -ou devia.

Se alguém mencionar a crise política e tiver uma vontade súbita de dizer alguma coisa, morda a língua e não faça juízo a respeito de nada: nem sobre a queda -ou a alta- do dólar, nem, sobretudo, sobre a CPI. Opinião, nem pensar.

O maior perigo é quando sua maior amiga está passando por uma crise e pede um conselho.
As pessoas só querem que se diga o que elas querem ouvir, e há até quem ache que amigo só existe para dar razão quando não se tem razão -você não sabia?

E não tenha ilusões: diga você o que disser, contra ou a favor, no final a culpa será sempre sua. Aprenda, mesmo que já um pouco tarde, que a sabedoria da vida é não ver, não ouvir e calar.

O que significa, na prática, não viver -o que é meio triste, convenhamos.



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Todos gostam de música, muitos fazem dinheiro com ela, ninguém imagina a vida sem ela, mas como os seus criadores podem viver do seu trabalho? O assunto interessa não só aos compositores, porque envolve liberdade de associação e de expressão, quando se discute se o Estado deve participar da arrecadação e distribuição de direitos autorais no Brasil.

Aqui, a arrecadação é feita por um escritório central, o Ecad, criado, administrado e controlado por sociedades privadas de autores musicais, como a UBC, a Sicam e outras. O Ecad cobra direitos dos que usam as músicas para ganhar dinheiro com elas (rádio, TV, shows, festas, publicidade, clubes ) e os repassa às sociedades, que os distribuem entre seus autores, proporcionalmente à quantidade de execuções públicas de cada música no período monitorado.

É um sistema correto e efetivo, que dá a cada um a sua parte pela utilização comercial de sua criação. Nos Estados Unidos e na Europa funciona muito bem. Se aqui há falhas, falcatruas ou ineficiência, o problema é de gestão e fiscalização, e deve ser resolvido entre o Ecad e as sociedades que representam os compositores, intermediados pela Justiça. O Estado não entende nada disso, e já morde 25% de impostos sobre direitos autorais sem tocar uma nota.

Quando se canta o velho refrão de uma sociedade arrecadadora estatal, ouvem-se cabide de empregos, aparelhamento partidário, altos custos e burocracia.

No mundo moderno, as sociedades de autores são empresas comerciais, que fazem tudo para ganhar o máximo de dinheiro para seus associados.

Como qualquer empresa, competem no mercado, buscam eficiência administrativa, novas tecnologias, prestam contas, são auditadas, podem ser processadas e liquidadas legalmente. O que é que o Estado tem a ver com isso? Pode soar como pleonasmo ou redundância, mas é uma evidência: quem tem a autoridade é o autor, quem criou é que decide o que se faz ou se deixa de fazer com a sua criação. Cabe à Justiça julgar os conflitos com base na legislação (que precisa ser modernizada), e ao Estado garantir os direitos e o cumprimento da lei. Já é muito.


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sábado, 29 de dezembro de 2012

MIGUEL FALABELLA – Nunca disse o quanto amei


A coisa começou por causa de uma mariposa que estava se debatendo na pia, provavelmente queimada depois do choque com a lâmpada – o inevitável encontro entre mariposas e luzes. Uma das asas desaparecera - nunca mais o vôo ao encontro da chama – sempre na direção da luz, como se ali, engolida por ela, pudesse voltar a ser lagarta, como se ali encontrasse outra vez a segurança do casulo. Achei que deveria abreviar-lhe o sofrimento e atirei um jato de inseticida sobre seu corpo. A agonia demorou mais do que supunha e acabei sendo espectador de seus últimos espasmos.

Isso, é claro, mudou definitivamente o rumo da crônica que, a princípio, assim eu acreditava, versaria sobre alguém que cavalgava na direção do sol. O insólito momento, entretanto - eu, nu, prestes a entrar no banho, e a mariposa morrendo na bacia de pedra polida – afastou a lembrança de quem cavalgava em silhueta para longe, que era a história que eu iria contar, antes do assassinato.

Parado, olhando o estranho balé do inseto na pia clara, eu pensei que o medo começa no desencanto da tarefa incompleta. Ou na raiva da palavra nunca dita. Ou ainda no desespero do amor que foi se embora. E por isso nos assombram o breu, a solidão e a paz fria do esquecimento – só porque acreditamos, em algum momento da história, que o amor nos traria a eternidade. Mas os nossos pequenos e cotidianos assassinatos estão sempre trazendo a lembrança da finitude dos dias – como os dessa mariposa que se contorce envenenada. Quando enfim desfez-se a miragem na areia, lembramos do tempo e sentimos medo. Depois que a porta se fechou e fez-se silêncio no aposento. Depois que você olhou pelo olho mágico e percebeu que o saguão já estava vazio. Depois que a sua respiração soou como um soluço quebrado. Depois de tudo, vem o medo.

Era nisso que eu pensava, testando a temperatura da água com as mãos, antes de entrar no banho, um pé no tapete, o outro na pedra fria. Debaixo d´água, ultimamente, tenho tido lembranças de medos futuros, eu esfregava a pele e reconhecia a carne. O momento existencialista no chuveiro não quis que eu murmurasse as canções de sempre, não permitiu que a intimidade do banho liberasse o canto – aliás, os banhos de inverno têm me trazido imagens estranhas que não descem pelo ralo com a espuma, ficam sentadas nas prateleiras, protegidas dos respingos, ao lado das essências. Alguns instantâneos, entre os frascos, vêm surgindo no meio da bruma em que o banheiro fica mergulhado. Alguns pedaços do mosaico, algumas portas que se abrem.

Há uma grande quantidade de estampas, no quarto que visito – a capa de um romance para moças, a heroína com os cabelos ao vento, amparada pelo galã de casaca. A novela tinha sido abandonada por uma moça de cabelos negros, sobre o banco da praça. Ela trabalhava na farmácia, vivia pendurada no balcão e tinha o olhar assustado de quem se apercebeu da velocidade com que a vida corre, quando se está atrás de um balcão de subúrbio e a cabeça cheia de amores impossíveis. Pois era sobre isso o livro que a moça esquecia. Corcéis selvagens, damas e cavalheiros, embriagados de um amor tão sublime, tão cheio de adjetivos e beijos de intensa paixão sob o teto florido de madressilvas. Alguma coisa do gênero.

Eu estava brincando por ali, correndo, e encontrei o exemplar. Ainda sacudi o livro nas mãos, tentando lhe chamar a atenção, mas ela não percebeu e entrou no ônibus. Levei o livro para casa, uma edição ordinária, meio ensebada, as páginas de papel barato manchadas aqui e ali. Chamava-se Nunca disse o quanto amei e o desenho da capa parece que brilha por entre a névoa, recortado na cerâmica da parede. Li algumas partes, não consegui ir adiante e, no dia seguinte, devolvi à moça, que me agradeceu e ponto final.

Não sei quanto tempo depois disso, mas, um dia, eu estava subindo no ônibus e alguém comentou que a moça da farmácia tinha morrido. Tinha comido formicida. Lembro que deixei o olhar ficar para trás, enquanto o ônibus avançava, buscando a porta da farmácia, como se ela pudesse aparecer ali, os cabelos ao vento como a moça da capa da novela romântica. Ficou comigo, portanto, essa imagem de mulher debruçada sobre o balcão, o olhar perdido em terras que ela jamais conheceria. Eu era muito menino. O ônibus sacolejava e eu pensava na agonia da moça da farmácia, sabedor de que jamais conheceria sua história. Pensava nela e na formicida. Meu avô tinha um saco no galpão das ferramentas. A moça comera o veneno, disseram que ela encheu a mão com o granulado vermelho e engoliu um punhado. Dela, só sei que nunca disse o quanto amou e que corria na direção de seu amado, gritando juras de amor, numa linguagem rebuscada, enquanto o sol morria num crepúsculo faiscante. Deve ter morrido de sonhar. De certo, foi esse o motivo. As coisas que a gente é capaz de pensar depois de matar uma mariposa.

Ah, sim! Só agora me lembrei de quem cavalgava na direção do sol. Mas essa história fica para a próxima semana. Tem dias que mais difícil do que dizer o quanto amamos é dizer adeus. Por enquanto, fiquemos no até breve. Mas é preciso aprender. Antes que seja tarde.


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NELSON MOTTA - Imaginem na Copa

MARCIA TIBURI - O Desejo do Tempo

Os antigos gregos tinham em Chronos, deus do tempo, a imagem do pai todo poderoso devorador dos filhos. Ele criava, ele mesmo aniquilava. O tempo cronológico é apenas o tempo que passa. Mas a experiência do tempo não passa tão simplesmente, somos nós que passamos por ela. Nos constituímos, em nossa interioridade, a partir dela. Como dizia Santo Agostinho, o tempo é algo complexo demais, sendo muito difícil para cada um explicá-lo. Tanto quanto é fácil de entender, pois estamos nele desde sempre. O tempo nos possui e não o contrário.

Um dia de cada vez
É melhor viver um dia de cada vez? É provável que ouçamos ou pronunciemos esta frase em vários momentos da vida. Quando incertezas e desesperanças se põem em cena é a reflexão sobre o tempo (seja ele dito na forma dos dias, das horas, do tempo ao tempo) que sustenta nossas ponderações. Ou na básica ansiedade que move o cotidiano, quando não compreendemos as próprias direções, quando, sem perspectiva ou foco, parece que não buscamos nada. Ansiosos quando queremos muito, nem sempre sabemos bem o que queremos. E nos angustiamos porque estamos no tempo, medido, e não na eternidade, desmedida. A vida exige solução, mas o tempo é o limite de toda vontade. Por isso, ele também é possibilidade.

A frase traz uma sabedoria básica na forma de um conselho sobre o uso e a compreensão do tempo, do qual depende o desejo, nome que se dá ao modo de nos relacionarmos ao futuro, o nosso e o que compomos junto de outros. A frase nos diz sobre um modo de tratar com a frustração comum na sociedade de hoje: a da ausência do desejo que diz respeito a uma incapacidade de criar projeto de vida. Ou seja, o que fazer da vida dentro de seu limite. “Um dia de cada vez” significa: “vá com calma, aproveite o tempo presente”, mas por outro lado, também diz “esqueça a totalidade da vida”. Aí conhecemos o conflito com a “temporalidade” sobre o qual vivemos cegos. Se pensarmos em termos de vantagens, talvez não seja frutífero ter em mente a vida inteira, o todo do que podemos fazer com o tempo que dispomos, pois não há certeza sobre o que virá. Porém, sem pensar no todo da vida, que é o tempo que temos para viver, talvez fique difícil orientar-se dentro dela. Sem sabermos do nosso tempo, estamos perdidos de nós mesmos, sem futuro. A dimensão do tempo é mais que psicológica e metafísica, ela é também prática. Põe-nos diante de nossa liberdade de decisão, define o destino, ou o tempo, que devemos construir.

A experiência do tempo pode ser uma experiência de angústia, de que algo desconhecido nos espreita. Só o desejo é a cura desta sensação de opacidade da vida. O desejo não é tormento, mas o caminho para sair dele. Ela não vem do nada. Nasce do tempo experimentado em seu limite, do fato de que há a consciência perturbadora da existência que é a morte. Enquanto esperamos seguimos a “viver um dia de cada vez”. No tempo que é sempre medida, a soma dos dias, compõe o sentido da vida, o valor da eternidade.


Os limites da experiência

Assim como damos “limites” às crianças para que possam orientar seus desejos, seus quereres e poderes, nós, mesmo adultos, deveríamos nos reorientar no nosso limite com a vida, a que chamamos tempo. O tempo, todavia, não é a mera duração da vida. A duração é só o tempo do relógio, ela se parece mais com o espaço que percorrem os ponteiros no mostrador. Nosso modo de compreender o tempo é o que nos orienta na vida: o tempo do trabalho, o tempo do lazer, o tempo do conhecimento, do amor, o tempo interior, o tempo domesticado pela vida orientada e administrada que vivemos. O tempo é um radar que nos ensina aonde ir, nossas urgências, os caminhos que precisamos escolher diante da impossibilidade de seguir todos.

A frase sobre o dia a dia a ser vivido de um em um, nos serve de antídoto quando vivemos esta frustração tão específica que é a do tempo que não aprendemos a experimentar em seus dois pólos, o do todo fora de nós (a família, a sociedade, a história, o planeta) e o do que se elabora em nossa interioridade. De um lado, vivemos o nosso tempo pessoal, o tempo de cada individualidade, de cada um que experimenta seu corpo, seu sentimento, medos, anseios, possibilidades, e sua noção de morte. O tempo individual é sempre o tempo da insegurança. Buscamos os outros: filhos, maridos, amigos, trabalho, para participarmos do tempo coletivo onde, ao partilharmos a insegurança com as demais individualidades, a eliminamos. Para tudo isso é preciso sempre muita atenção sobre o que estamos vivendo.

A avareza do tempo

Por outro lado, todos aqueles que sabem o valor do tempo, costumam pensá-lo em analogia com o dinheiro: tempo é dinheiro. Quem dispensa tempo, dispensa dinheiro ou, em termos mais técnicos, dispensa lucro. Mas o que é o lucro senão a vantagem que temos em relação aos outros, ao trabalho, à vida? O lucro é um “a mais”, mas a vida não vai nos dar mais tempo. Logo, tempo não é necessariamente dinheiro, mas justamente o que nos logra se a vida não foi bem vivida. Se o avaro economiza dinheiro, quem economizar tempo não poderá ser avarento, a rigor, o tempo é algo que sempre se multiplica. O tempo se multiplica na generosidade. É uma questão de organização. O desejo só surge como mensagem na garrafa àquele que entendeu a função de seu tempo próprio no tempo coletivo.


IVETE SANGALO - Ao vivo - Quando a Chuva Passar


 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

ARTUR DA TÁVOLA - Ano Novo


Se você pensa que sabe; que o ano novo mostre o quanto não sabe. Se são sempre os outros que são isso e aquilo; que o ano novo ensine a olhar mais para você mesmo. Que o ano novo ensine que não existe ano novo para a natureza. É tudo um fluxo só. O mundo não sabe que o ano mudou. A gente é que o supõe para abastecer o farnel das esperanças combalidas. Para a natureza, o novo é cada estação, primavera, verão, outono, inverno. Aí tudo muda. O único ente da natureza que comemora o ano novo é o homem. A vida é substantiva, nós é que somos adjetivos. Já viu flor comemorando o ano novo? Então modere a sua comemoração. De qualquer maneira, feliz ano novo.

Se você pensa que viver é horizontal, unitário, definido, monobloco; que o ano novo ensine a aceitar o conflito como condição lúcida da existência. Tanto mais lúcida quanto mais complexa. Tanto mais complexa quanto mais consciente. Tanto mais consciente quanto mais difícil. Tanto mais difícil quanto mais grandiosa. Felicidade é disponibilidade com paz; que o ano novo ensine a aproveitar os raros momentos em que ela surge.

Que o ano novo nos ensine, a todos, a dizer as verdades nunca na hora da raiva. Que desta aproveitemos a forma direta e simples pela qual as verdades se nos revelam por seu intermédio; mas para dizê-las depois, quando os bloqueios voltam e é mais cômodo “deixar pra lá”. Que a lucidez da raiva guardada para depois, quando ganhar a dimensão da calma mas perder a energia agressiva, sirva para expressar nossas franquezas com carinho e cordialidade.

E se ano novo não existe, exceto na imaginação da gente e se nesta tudo é possível, então que ele sirva para transformar tudo em Verbo. Como no princípio. Pois do jeito que o mundo vai, dá vontade de apagar e começar tudo de novo. 
 
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AS APTDIDÕES PROFISSIONAIS DOS 12 SIGNOS DO ZODÍACO

ASTROS REVELAM AS APTDIDÕES DOS SIGNOS E 
COMO ISSO PODE MELHORAR SUA VIDA PROFISSIONAL.

Não importa se você está procurando emprego ou buscando ascensão na empresa ou organização onde está. A astrologia pode ser uma boa ferramenta de autoconhecimento e de descoberta de aptidões naturais e potencialidades, segundo alguns consultores.
- A astrologia pode ser importante para as empresas. Fazer o mapa dos funcionários pode ajudar, inclusive, a posicioná-los na função mais adequada, que seja mais coerente com sua essência - diz Vera Gomes, psicanalista e astróloga.
Mesmo que você não acredite em astrologia, vale a pena dar uma conferida no perfil de cada signo do zodíaco. Afinal, em alguns países - como a China - recrutadores chegam ao ponto até de rejeitar ou dar preferência a candidatos a empregos, tendo por base a posição dos planetas no momento do nascimento.

Veja o perfil profissional de cada signo:

Áries (21 de março-19 de abril) - Como tem uma energia de busca de identidade e de afirmação muito forte, apresentam grande criatividade, independência e autonomia. São bastante competitivos e são líderes natos. Com forte espírito empreendedor, são desbravadores e pioneiros. São bons para solucionar problemas e não são do tipo que se contenta em ficar todos os dias atrás de uma mesa, das 9h às 17h. Dinheiro nenhum o compensaria por estar preso a um trabalho rotineiro.
São movidos por obter uma posição valorizada, para satisfazer suas tendências competitivas. Têm necessidade de novos e desafiantes projetos. Tipicamente, gostam de ter um senso de responsabilidade e precisam se sentir necessários. Preferem trabalhar sozinhos ou à frente de pessoas menos experientes.

Touro (20 de abril-20 de maio) - São muito ligados ao valor, especialmente daquilo que produzem. Podem trabalhar incansavelmente, mas, se perceberem que não são valorizados ou bem pagos, desistem e procuram outro emprego. São leais, trabalhadores sensatos e metódicos, do tipo que segue os projetos passo a passo, até o fim. Normalmente são muito cuidadosos e um pouco lentos, mas sempre terminam o que começam.
Não são muito maleáveis. Se têm de trabalhar em um ambiente caótico, não serão felizes e se comportarão como crianças teimosas. Eles podem reagir assim também se tiverem de trabalhar rodeados de pessoas ignorantes ou se tiverem um trabalho onde não há potencial óbvio de crescimento. Eles querem ganhos materiais, aumentos de salário e mais poder. Possuem grande capacidade produtiva e talento estético.

Gêmeos (21 de maio-20 de junho) - Têm grande capacidade para transmitir conhecimentos, comunicar-se, negociar e se articular com as pessoas. Possuem grande agilidade, versatilidade e curiosidade. Costumam ser profissionais perspicazes, que captam rapidamente informações. A troca de informações, para o geminiano, é muito importante. Precisam conviver com diversidade de assuntos e de espaços e têm boa capacidade de realizar e desenvolver várias atividades ao mesmo tempo.
Podem ter dificuldades em se concentrar em uma única coisa por longos períodos de tempo. Eles florescem com interação social . É natural encontrá-los circulando de mesa em mesa, conversando e fofocando. Eles são muito persuasivos, adoram negociar e conseguem realizar o melhor negócio para todos os envolvidos. Seu humor pode flutuar amplamente, bem como sua produtividade. Precisam de novos e frequentes estímulos.

Câncer (21 de junho-22 de julho) - Extremamente sensíveis, sentem primeiro, para depois realizar. Possuem um forte instinto assistencial: gostam de cuidar das pessoas. Sua percepção e intuição são fortes. Para o canceriano, o trabalho não é uma forma de satisfazer o ego, apenas um meio de ganhar a vida. Eles são trabalhadores estáveis. Sua motivação é a segurança. Quanto mais tempo permanecem em um emprego, mais reconhecimento financeiro desejam. Como não querem se preocupar sobre como se sustentarão amanhã, precisam de uma posição estável, sem muito risco.

Leão (23 de julho-22 de agosto) - Quem é deste signo de fogo possui grande autonomia e independência, além de um talento artístico nato. Precisam sentir que no local de trabalho também se divertem, têm alegria. Costumam ser bons gestores: são bons líderes e têm grande poder de comunicação. Apreciam improviso, especulações e riscos. Leoninos precisam se sentir especiais, precisam ser reconhecidos. Costumam ser generosos e carinhosos, mas, se notam que não são reconhecidos, podem demonstrar agressividade.
Mesmo se não puderem liderar, eles procurarão cada oportunidade para aumentar seu próprio status. Desejam tanto progredir que costumam tomar mais responsabilidades e se sobrecarregando. Além disso, sabem se autopromover, contando seus “feitos” a colegas e superiores. Muito vaidosos, demonstram sua coragem em situações complicadas.

Virgem (23 de agosto-22 de setembro) - São extremamente trabalhadores. Equilíbrio e autoestima estão diretamente ligados à sua ocupação profissional. Possuem mentes privilegiadas, analíticas. Têm grande capacidade de organização, de sistematizar processos, bem como grande talento para coisas práticas e para a área de saúde. São detalhistas, críticos e perfeccionistas. Uma de suas maiores motivações é servir aos outros.
Eles se contentam com um trabalho duro, básico e honesto. Seu contentamento, porém, não é sempre aparente, pois muitas vezes reclamam. São francos e honestos e não medem as palavras quando acham que algo não está certo. De certa forma, adoram se preocupar. Precisam de projetos detalhados e cheios de minúcias, e apreciam reconhecimento.

Libra (23 de setembro-22 de outubro) - Focados em relacionamentos e comunicação, são ligados à arte e à estética. Extremamente justos, atuam muito bem em grupo e têm forte habilidade para lidar com o público, além de um forte senso de justiça. Precisam de harmonia e equilíbrio. Se estão fazendo um trabalho de equipe, por exemplo, consideram muito importante que as pessoas estejam em sintonia e com os mesmos objetivos. Idealizam demais.
Detalhistas e dedicados, têm natureza sensível. Gerentes e colegas acham-nos às vezes difíceis de lidar. Num dia, o libriano pode parecer ser o mais brilhante, dedicado e ambicioso funcionário que existe. No dia seguinte, pode estar depressivo, irritado e incapaz de produzir. São capazes de ter pensamentos lógicos profundos e de avaliar todos os lados de uma situação antes de agir, pois estão entre os signos mais inteligentes. São exímios pesquisadores e mediadores. Podem atuar como mediadores de conflitos.

Escorpião (23 de outubro-21 de novembro) - São extremamente sensíveis, embora consigam nem sempre transparecer isso. Dirigem esforços para ter poder, segurança e recompensa financeira. Geralmente conseguem isso, pois têm grande habilidade de administrar recursos, sejam materiais, econômicos, físicos, emocionais e psicológicos. Por isso, costumam ser bons gestores. Sua energia de regeneração e reconstrução é muito forte. Trabalham muito bem sozinhos, em grupo ou liderando. São cautelosos, estrategistas e corajosos. Têm forte determinação.
Emanam uma autoconfiança silenciosa. Eles são autosuficientes e não dependem dos outros para se sentirem importantes. Mantêm sua vida privada separada do trabalho e assumem completa responsabilidade por seus atos e sua situação. Não se incomodam de se manifestar, quando acham que algo está errado.

Sagitário (22 de novembro-21 de dezembro) - Buscam sua identidade e realização pessoal para ampliar seus horizontes intelectuais e compreender a natureza humana. Têm ótima expressão verbal e se comunicam muito bem. Têm visão de longo alcance. Têm talento enorme para comunicação e propagação de novas ideias. Necessitam de expansão, de prestígio. Sempre têm ideias para implementar algum projeto. Acreditam na prosperidade, na esperança, no otimismo. Precisam ter liberdade no trabalho, inclusive para “fugir” de vez em quando. Têm necessidade grande de sucesso, crescimento e expansão.
Cabeças-duras e entusiasmados, estão sempre querendo ajudar. Emanam autoconfiança e encaram as tarefas como se não houvesse amanhã. Eles desejarão encampar até mesmo o mais difícil dos projetos, desde que seja suficientemente desafiante e os tire da rotina. Sua personalidade radiante e honesto entusiasmo atuam como um holofote no ambiente de trabalho - embora alguns colegas possam alimentar uma certa animosidade diante de sua arrogância e/ou extravagância. Gostam de buscar conhecimentos, de pesquisar e analisar. Não costumam cumprir ordens cegamente: precisam entender o método e a razão por trás do processo todo. Precisam de novos desafios e projetos, com frequência, para manterem-se motivados.

Capricórnio (22 de dezembro-19 de janeiro) - Precisam de milhares de projetos e de muita responsabilidade, pois têm necessidade de se sentirem úteis. São ambiciosos, de maneira velada, além de sérios e determinados. Podem arrasar até os mais duros adversários, com sua persistência. Se estabelecem uma meta, trabalham duro até o final. Capricornianos não trabalham de graça - pelo contrário, esperam ser bem pagos - e costumam ter plena consciência do seu potencial. São grandes administradores e planejadores.
Com um forte senso de dever e respeito em relação a seus superiores, é raro que eles se juntem ao grupinho para falar mal do chefe ou do “sistema”. Podem se sentir frustrados, porém, com esquemas gerenciais que desafiem o senso comum, e logo mostram um áspero e crítico senso de humor.

Aquário (20 de janeiro-18 de fevereiro) - Têm grande capacidade intelectual, criatividade e intuição. Acreditam que todos têm o poder da própria liberdade. Adoram trabalhar em grupo, têm forte instinto assistencial e possuem habilidades de antecipar tendências. Estão abertos a novidades. Não toleram injustiças no trabalho e tendem a ajudar todos a ver o lado bom de uma situação ruim.
O que quer que seja que estejam fazendo, eles o farão conscientemente. Sua inteligência e confiabilidade acabam conquistando muitos amigos. Aumentos não são tão importantes para eles quanto aprender coisas novas, ou seja, dinheiro nenhum os fará desejar permanecer numa posição estagnada.

Peixes (19 de fevereiro-20 março) - Muito sensíveis e perceptivos, têm grande capacidade de captar energias externas. Qualquer que seja a sua profissão, ela tem que satisfazê-los intimamente. Têm grande senso estético, lidam bem com imagens. Possuem forte instinto assistencial. Costumam ser funcionários leais e trabalhadores. Na função certa, são capazes de deixar seus sonhos de lado e se dedicar com afinco a um chefe ou organização/empresa.
Por outro lado, um funcionário pisciano mal aproveitado agirá como se sua baia fosse uma cela de prisão, além de ficar sonhando com seu próprio negócio ou com as próximas férias. Geralmente tímidos e introspectivos, eles mantêm sua verdadeira natureza escondida, por temer que ela não se encaixe na cultura corporativa. O que motiva um funcionário de peixes a se fixar em um lugar, além da excelência, é saber que seu trabalho repercute de forma positiva na empresa.
ISABEL KOPSCHITZ

MARTHA MEDEIROS – ANO NOVO, me surpreenda!

As melhores coisas do ano sempre foram aquelas que eu não previ.

Ano-Novo é uma convenção. Os dias correm em sequência. De 31 de dezembro para 1º de janeiro ocorrerá apenas mais uma sucessão de 24 horas em que nada mudará, tudo seguirá do mesmo jeito. Pois é, sei disso, mas é um ponto de vista sem nenhuma alegria. Sou das que compram o pacote de Ano-Novo com tudo que ele traz em seu imaginário: balanço de vida, reafirmação de votos, desejos manifestos e esperança de uma etapa promissora pela frente.

Faço lista de projetos e tudo mais. Só que, quando chega o fim do ano e avalio o que consegui cumprir, descubro que o inesperado superou de longe o esperado. As melhores coisas do ano sempre foram aquelas que eu não previ. Então tomei uma decisão: nessa virada, não vou planejar coisa alguma e aguardar as resoluções que novo ano tomará para mim, à minha revelia.

Mas poderia dar algumas sugestões?

Ano Novo, anote aí: que as coisas mudem, mas não alterem meu estado de espírito. Não deixe que eu me torne uma pessoa ranzinza, mal-humorada, desconfiada, sem tolerância para as diferenças. Aconteça o que acontecer, que eu me mantenha aberta, leve e consciente de que tudo é provisório.

Não quero mais. Quero menos. Menos preocupações, menos culpa, menos racionalismo. Pode cortar os extras. Mantenha apenas o estritamente necessário para me manter atenta.

Está anotando?

Espero que você esteja com ótimos planos para sua amiga aqui. Lançarei livro novo? Permita que eu seja abusada: dois. Sendo que nenhuma coletânea de crônicas, nem romance. Me ajude a variar.

Que lugares conhecerei que ainda não conheço? Que pessoas entrarão na minha vida que, quando cruzo com elas na rua, ainda não as identifico? Que boas notícias ouvirei das minhas filhas? Quantos shows terei o prazer de assistir? Estou curiosa para saber o que você está aprontando para incrementar os meses que virão.

Prometo que estarei preparada para receber o abraço afetuoso de quem antes me esnobava, para a frustração por tudo o que for cancelado, para voltar atrás nas minhas teimosias, para me dedicar a algo que nunca fiz antes.

Estarei disposta a tirar de letra os espíritos de porco e assumir a responsabilidade pelas asneiras que eu mesma cometer. E estarei pronta também para uma grande surpresa, ou até duas. Três, meu coração não aguenta.

Se a dor me alcançar, que me encontre com energia e sabedoria para enfrentá-la. Que eu não me torne dura diante dos horrores, nem sentimentaloide diante das emoções. Ano Novo, os acontecimentos são da sua alçada. Da minha, cabe recepcioná-los com categoria.

Quais são seus planos para mim, afinal? Talvez nem todos sejam do meu agrado, portanto, que eu não tenha constrangimento em dizer “não, obrigada”, caso seja preciso. Mas que eu me sinta mais predisposta para o sim.

Se estamos de acordo, pode vir.

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