domingo, 21 de outubro de 2012

A NOVA TERCEIRA IDADE - Solange Bittencourt Quintanilha

Antigamente não havia comunicação de massa: rádio, televisão, internet, celular..., possibilidades de saber o que acontece aqui e no mundo no exato momento do episódio.
A velhice se restringia a uma cadeira de balanço e encontros familiares.
As mulheres tinham tantos filhos, que o cansaço e o envelhecimento muito cedo se apresentavam (ter 50 anos já era considerado quase fim de linha ).
A educação era extremamente repressora em todos os aspectos, principalmente para as mulheres em termos sexuais, profissionais e realizações próprias.
Havia uma rigidez em relação aos homens: existia uma enorme dificuldade de entrarem em contato com os sentimentos e emoções. Eles não podiam mostrar fraquezas, não podiam chorar, mostrar medos ou inseguranças.
Atualmente, essa idade madura anda bem diferente. Está de cara nova.
Nada de cadeira de balanço, isolamento, inércia, cansaço da vida prematuro.
Novas atitudes de vida, novas formas de se relacionar consigo e com as outras pessoas, estão revolucionando a forma como vivemos a chamada terceira idade. Podemos chamar de envelhecimento ativo, que é uma aquisição dos últimos anos.
Por ser uma geração a quem se promete mais 20 ou 30 anos de vida, apresenta-se uma nova era, uma enorme oferta de liberdade e um convite à invenção, à criatividade.

A idade de cada um
Temos uma idade fisiológica e psicológica.
As alterações fisiológicas variam de pessoa para pessoa, assim como psicologicamente a velhice pode acontecer aos 40, 50, 60, 70, 80, 90. Isto vai depender muito da maneira que cada um vive e encara a vida.
Raramente se envelhece de vez. Muitos ângulos da personalidade permanecem jovens, com apetite de viver.
Mesmo uma pessoa com a idade avançada conserva a mesma habilidade intelectual, se ela se mantiver ativa dentro dos seus limites fazendo o que lhe agrada.

Aposentadoria
As pessoas aposentadas pertencem a duas categorias:
1ª- as que se acomodam, renunciam a muitas coisas, acham que a vida acabou, sentem-se inúteis, não buscam o contato com as pessoas e com a vida, e pensam muito na morte.
2ª- as que aprendem a desfrutar desse momento livre para buscar momentos de prazer, fazem planos, criam oportunidades. Ao invés de diminuir o passo, elas estão acelerando: uma 2ª carreira, um novo amor, hobbies, viagens... São pessoas que buscam suas próprias soluções e focos de interesse, de acordo com suas aptidões e inclinações.

Na verdade há um leque de opções de prazer e agora elas podem realizar muitas coisas que por necessidade de sobrevivência tiveram que abrir mão no passado.
Há uma variedade enorme de atividades prazerosas: leituras, jogos, música, dança, cinema, teatro, show, trabalhos manuais, tocar instrumentos, clube, praia, festas, viagens, esportes, cantar , navegar na internet...
Muitas vezes, porém, a pessoa está desanimada, se sentindo incapaz de usar seus próprios recursos para vencer as dificuldades e ir em busca da realização. É muito importante que a pessoa não desista, não se acomode. Ela pode buscar uma ajuda para conseguir modificar a situação.

As limitações
Nascemos e permaneceremos tendo limitações em todas as etapas da nossa vida.
Quando crianças , escola, deveres de casa, testes, provas, cursos de línguas, balé, esportes, aulas particulares, é como se fossem pequenos executivos. Os horários das refeições , do sono, do estudo, do brincar, tudo regulado pelos pais.
Os adolescentes têm um desejo e uma ansiedade enorme de possuir o mundo todo de uma vez. Período muito conturbado, cheio de contradições, rebeldias e inseguranças (não sabem bem quem são: não são mais crianças, mas também não são adultos). As mudanças hormonais são gigantescas. Precisam lidar com os sonhos irrealizados, com as frustrações e com as limitações. Querem ser independentes, donos das suas vidas, mas não podem se sustentar.

Quando adultos, inúmeras responsabilidades, luta profissional, busca da sobrevivência e a consciência de muitos sonhos não realizados. Com a chegada dos filhos, maiores responsabilidades com uma sobrecarga financeira e psicológica para cuidar da família.
Como estranhar, portanto as limitações que são impostas pelo envelhecimento?
Deveríamos estar acostumados e conseguir ver o lado positivo dessa nova fase.

Sobre os ganhos:
Sem sombra de dúvida, precisamos valorizar e apreciar o que adquirimos: a maturidade, o conhecimento, a maior capacidade de discernimento e a sabedoria.
Descobrir coisas que nunca pudemos ver porque não tínhamos tempo. A liberdade e a maturidade nos permite criar novas oportunidades.

Final
O importante é continuarmos investindo em nós, no fortalecimento da nossa autoestima, na nossa capacidade de ser feliz.
Sem uma boa autoestima, não somos capazes de dar valor a nós mesmos e, portanto não agiremos de forma a permitir que os outros nos valorizem.
Uma pessoa que esteja bem consigo mesma, vai aceitar a inexorável passagem do tempo como um processo natural e pleno de possibilidades de aprendizado e crescimento pessoal.
É preciso varrer diariamente o lixo emocional da véspera, da semana passada, do passado, e olhar os novos horizontes que vamos escolher para percorrer.
Vamos aprender algo novo, arriscar e não fugir do desconhecido.
Vamos ressignificar o passado, colorindo o presente e dar mais valor e carinho a nós e aos outros. Porque só nós maduros podemos compreender o valor do hoje, do presente.
Então, teremos força para fazer igual à canção:
Começar de novo e contar comigo, vai valer a pena, ter amanhecido.”

Solange Bittencourt Quintanilha, Psicóloga Clínica, Psicóloga Médica e Hospitalar e Psicóloga Motivacional      >>>>>>     E-mail: solangepsi8@gmail.com




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