domingo, 14 de outubro de 2012

PSICOTERAPIA - Fernando Saint-Clair

Era sempre assim, toda vez que estava me sentindo bem, e pensava nisso, acabava ficando mal. Senti falta da minha analista mas, ao mesmo tempo, lembrei que esta questão eu colocara nas primeiras sessões e dois anos depois não chegara a conclusão nenhuma que mudasse nada. Afastei ainda mais a idéia de voltar a terapia quando lembrei que fora obrigado a parar quando fiquei desempregado. Até hoje, me magoa pensar na frieza com a qual ela tratara o assunto. Eu sentia como se minha mãe houvesse me dito na cara: - “Você não tem mais dinheiro para me pagar, não sou mais sua mãe.” .
E me virasse as costas. Nem o complexo de édipo se respeita mais...nem a própria terapeuta que propaga tanto essas idéias...descrença total.
Lembro que pensei que de certa forma um(a) terapeuta é meio amigo(a) de aluguel. Uma prostituta ou prostituto, que não faz sexo. Aliás, você pode, inclusive, falar sobre suas fantasias sexuais de uma forma que não falaria nem pra prostituta... só não pode fazer sexo, e eles ainda anotam tudo no caderninho...
Sempre achei que existe muito mais magia na vida do que supõe as vãs psicanalistas. Reduzir a vida, o prazer e os sentimentos a uma relação causa-consequência é muito sem graça.
O ser humano quer se sentir apaixonado e não tentar explicar a causa da paixão. A intuição é a síntese da inteligência. O cérebro humano é capaz de processar informações com tal rapidez que não conseguimos diferenciar com precisão a primeira resposta que nos vem a cabeça, da segunda. A primeira é a perfeita, é a intuição. É o raciocínio mais desenvolvido, não verbal, mais rápido e mais preciso. É a resposta que levou em consideração todas as nuances emocionais e limitações racionais.
Aí vem a dúvida...Será que não é melhor pensar um pouco mais? É neste momento que todas as limitações culturais, as influências religiosas e todas as formas de padronização e doutrinação impostas ao ser humano entram com toda força.
A segunda resposta tenta sempre conciliar todas as programações recebidas pelo cérebro, durante toda vida. E, são tantas as programações do tipo “não faça isso, isso não é certo, isso é errado”, vindas de todos os lados, que, não à toa, existem pessoas que não conseguem decidir nada. São incapazes de decidir suas próprias vidas. Todos, em algum momento, passam por isso. Quem não gostaria de conseguir pensar mais objetivamente ou então simplesmente não pensar, pela simples conveniência da ocasião.
O certo é que a forma puramente racional de tentar resolver os problemas não leva a solução desejada, leva o um engano pseudo sensato. As decisões tem que trazer, em sua essência a felicidade.
Nesse momento vejo que a terapia me trouxe uma organização mental que me possibilita até hoje organizar meus pensamentos e analisa-los buscando esse caminho.
Além disso, aprendi a falar uma série de termos psicanalíticos que me renderam bons papos e algumas namoradas. Lembrei das namoradas e cheguei a conclusão de que só elas já haviam valido a pena cada sessão...

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