segunda-feira, 11 de março de 2013

SUA RELAÇÃO É DO TIPO TÊNIS OU FRESCOBOL? - Edmir Silveira

Outro dia  um casal jogando frescobol, na praia, me chamou a atenção. Eram veteranos, tanto ele quanto ela. E jogavam muito bem. Era hipnotizante ver a sincronia e o esforço de um e de outro para fazer com que a bola chegasse o melhor possível para que o outro acertasse. 

Como é lindo o princípio desse jogo. Aquele casal vibrava como criança com o acerto do outro a cada bola mais forte. E como jogavam bem. Uma velocidade, uma força e uma precisão impecáveis para um casal que já devia ter os seus 60 anos. Mas, o que me emocionou foi ver, ao fim das energias, os dois caminhando e sorrindo um para o outro , conversando alegremente, de mãos dadas, até caírem num mergulho deliciosos naquele mar de fim de tarde no Leblon.

A analogia na hora me pareceu inevitável. Existem dois tipos de relações entre casais: as do tipo frescobol e as do tipo tênis.

As relações do tipo tênis são as competitivas. Onde existe uma constante competição, nem sempre tão velada. Quem é melhor, quem fez mais coisas certas ou erradas, quem é mais apreciado, quem é mais isso, quem é mais aquilo. São fontes de ressentimentos, mágoas e pouco acrescentam ou deixam de bom quando terminam. Ao contrário, muitas vezes deixam as pessoas incapazes de se relacionar por algum tempo. Traumatizadas, machucadas.

As relações do tipo frescobol, ao contrário, são fonte de constante aperfeiçoamento mútuo. Os dois tendem, sempre, a ir "melhorando” e o jogo se tornando cada vez mais interessante, empolgante e gratificante. É fonte de alegria e se realimenta da felicidade e da alegria do outro. Do Parceiro(a).

O prazer da relação tipo Tênis, competitiva, tem como objetivo "derrotar” o que pressupõe se tratar de um adversário, e que no final acaba se tornando é inimigo. O prazer de um é colocar o outro pra fora do jogo, humilhá-lo, fazê-lo sentir-se derrotado. O prazer e a vitória de um é a frustração e a derrota do outro.

E o frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola.

Só que no frescobol, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio torta, a gente faz o maior esforço do mundo para devolvê-la perfeita, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Existe parceria. 
Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E não tem consequência quando um erra, não existe placar. O que interessa é bola pra frente e continuar a se divertir.

Se alguém erra, não tem importância: começa-se de novo este jogo delicioso onde não existe marcar pontos. Onde um induz o outro ao acerto, não ao erro.

A bola são nossas particularidades, nossos segredos, nossas intimidades, nossos sonhos. Ficar batendo bola pra lá e pra cá, é ficar deixando o que há de mais profundo fluir, é ter confiança e interesse no outro e em si mesmo, é ver que a felicidade é uma conquista a dois. É ajudar o outro a conquistar suas vitórias e se sentir vitorioso por isso. Isso é gostoso. Isso torna a relação gostosa, saborosa e bem humorada.

Fazer quem a gente ama feliz é a melhor forma de ser feliz.

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