terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A FELICIDADE E A VERDADE – Alfred Puppy

Caminhando pelo calçadão do Leblon, encontrei uma amiga muito querida, que não via há alguns poucos anos. A alegria do reencontro foi daqueles quase eufóricos. O simples encontro já foi uma alegria imensa. Como se diz, "fez o dia".

Sentados, bebendo aquele tradicional coco (antes do $urreal), ela me pareceu tranquila, mas, amigos confidenciais de tantos anos, percebi a tristeza em seus olhos.

Ficamos conversando durante várias horas, ela realmente estava precisando encontrar comigo. Que bom que o destino nos juntou naquela hora. Me senti honrado por poder demonstrar meu amor e amizade por aquela amiga tão querida e que estava passando por um momento complicado.

Resumindo, ela estava numa relação super feliz, com um homem maravilhoso, com o qual se relacionou pelos últimos 6 anos. Sempre falando de momentos e mais momentos de uma felicidade contagiante, que faz com que a gente tenha aquela inveja branca, aquela vontade de viver uma história como aquela.

O motivo da tristeza, com o desenrolar da conversa mostrou-se bem mais profundo e dolorido do que a princípio, ou do que a tranquilidade dela aparentava. Fiquei particularmente impressionado como, mesmo sem esconder a profunda tristeza que estava sentindo, ela estava tranquila e serena. Aquela tristeza tranquila e serena me intrigou profundamente.

Além disso, era ela quem havia terminado...estava difícil de entender. Tanto a dor quanto a serenidade de alguém que a cada minuto mostrava amar mais aquele homem a quem deixara.

Foi quando ela me falou uma frase que me marcou profundamente: prefiro uma tristeza verdadeira à felicidade falsa.

Estranho. Ele sempre me pareceu tão apaixonado, atencioso e gentil. Quando, então, a explicação dela, me fez entender e admirá-la ainda mais. Ela disse algo definitivo.

“ - Ele nunca sentiu por mim, ou não demonstrava, o mesmo que eu por ele e chegou um momento que desisti. Já não queria mais esperar. E, quando percebi, estava deixando de amá-lo, de desejá-lo com a mesma beleza infinita que nunca imaginara sentir por ninguém. Resolvi não deixar que aquela história de amor quase perfeita fosse manchada de alguma forma. Terminei com o homem com o qual fui mais feliz até hoje, porque não aguentaria vê-lo se tornar apenas mais uma relação comum e banal“.

Ela preferiu a verdade triste do que a alegria ilusória e, por isso, falsa. Corajosa como sempre fora. Conheço poucas pessoas capazes de ter uma clareza tão grande, e mesmo sofrendo tomar uma decisão tão difícil.

Concordei que a felicidade só poderia vir da verdade, e se eu tivesse a coragem de ter feito isso algumas vezes na vida, hoje teria recordações mais felizes dos amores que vivi.

A tristeza verdadeira nos aproxima mais da felicidade do que a fuga através das falsas alegrias.

E o que é uma coisa ou outra, só cada um de nós pode saber. É uma percepção pessoal e intransferível. Nossas verdades, tristes ou felizes, são a nossa identidade única. Somos nós verdadeiramente.

Torço para que ela seja muito feliz. Com ou sem ele.


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